Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

65 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. o diagnóstico e o mais disponível. Devem ser pesquisadas as duas toxinas, pois 1% a 3% dos Cd patogênicos produzem somente a toxina B e mais raramente só a toxina A. Existem vários kits comerciais disponíveis, com algumas variações nos resultados. A sensibilidade oscila entre 50% e 85% na maioria dos trabalhos. Os resultados falsos negativos podem ocorrer em casos em que a conservação do material foi inadequada, visto que em 2 horas na temperatura am- biente a toxina sofre degradação, devendo ser mantida a 4ºC. Para o exame tornar-se positivo devem existir pelo menos de 100 a 1.000 picogramas de toxina na amostra testada. A especificidade é elevada, si- tuando-se entre 90% e 99%. O VP positivo oscila entre 69% e 81% na maioria dos tra- balhos e o VP negativo é de 99%; existem algoritmos que usam a dupla do GDH e do EIA para toxinas A e B em função dos al- tos valores preditivos negativos. A técnica EIA é simples e pouco trabalhosa; o exame é considerado de baixo custo, sendo inex- plicável ser tão pouco disponível em nosso meio; os resultados podem ser fornecidos rapidamente, uma das razões da sua grande utilização clínica. Os resultados negativos não excluem a hipótese, visto que a sen- sibilidade é relativamente baixa; nestes casos a repetição do exame pela mesma técnica, com menos de 7 dias, é pouco pro- dutiva, exceto se houver suspeita de que a amostra não foi devidamente conservada. Recomenda-se não usar esta técnica como controle de cura, visto que o teste pode ser positivo até 6 semanas após um tratamento adequado. Vários guidelines propõem usar este exame em duas etapas juntamente com a GDH e nos casos em que persistir dúvida numa terceira etapa usar o PCR para os genes das toxinas A e B. (29,37) 6.6. Detecção de ácidos nucleicos. PCR Na maioria dos trabalhos mais recen- tes os testes de amplificação dos ácidos nucleicos, participando em alguma etapa do diagnóstico, estão entre os preferidos para a demonstração da infecção pelo Cd, particularmente o PCR, que é o mais dis- ponível e o mais estudado. Habitualmente eles detectam os genes responsáveis pela produção das toxinas A e B ou só da toxina B. A sensibilidade varia de 88% a 100%; a especificidade é geralmente superior a 97% (88% a 98%), fatos que explicam a predi- leção. O PCR não discrimina o portador do doente, sendo necessária a correlação clínica. Eventualmente detectam falsos po- sitivos. É um exame relativamente complexo, exigindo uma estrutura laboratorial mais sofisticada para a técnica e pessoal treinado. É considerado de alto custo quando compa- rado a outras técnicas, entretanto nos EUA o seu custo é perfeitamente aceitável, entre US$20 e US$50. Os resultados podem estar disponíveis rapidamente, o que constitui uma característica preciosa para o clínico. Existem produtos comerciais capazes de detectar as cepas mais virulentas, como a chamada NAP1/BI/027 ou ribotipo 027, como preferem alguns. Existem painéis

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