Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

88 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 apresentam as formas recorrentes do Cd têm títulos baixos de imunoglobulinas contra as toxinas do bacilo. Acredita-se que caso se pudesse estimular a produção destes anticorpos específicos a evolução da doença poderia ser melhorada, particular- mente no controle das formas recorrentes ou mesmo na prevenção primária. Já se usaram toxoides do Cd em voluntários saudáveis com boa tolerância e resposta de produção de anticorpos. No futuro precisa se estabelecer se nos indivíduos idosos e com comorbidades as vacinas serão imu- nogênicas. A maioria das pesquisas tem sido realizada em animais. Não há uma vacina para uso clínico. A falta de resposta humoral adequada às toxinas do Cd representa um importante fator na patogenia da DCd e grande risco de formas recorrentes. A ideia de se usar imunoglobulinas nos hospedeiros que não têm nível adequado de anticorpos poderia ajudar na recuperação clínica, pelo menos em tese. Existem referências de casos de DCd que se beneficiaram com o uso de gamaglobulina em formas recorrentes que não responderam adequadamente aos tra- tamentos iniciais. Os resultados mais favo- ráveis com a gamaglobulina são descritos em formas graves ou recorrentes de DCd, atuando como adjuvantes da terapêutica antibiótica. A maioria dos autores consi- dera que faltam estudos prospectivos com metodologia adequada para se poder tirar conclusões e por enquanto a indicação da imunoglobulina é considerada incerta e não é recomendada pelos guidelines da última década das sociedades mais tradicionais. Ouso de anticorposmonoclonais contra a toxina B do Cd, na dose de 10mg/kg por via EV, em um estudo controlado, duplo-cego e randomizado, em 200 enfermos, juntamente com a vancomicina ou metronidazol, foi acompanhado de redução estatisticamente significativa das recorrências, de 25%para 7%. Estudos posteriores comprovaram o benefício do bezlotoxumab (aprovado pelo FDA), que hoje tem papel definido como terapêutica adjuvante aos antibióticos, na prevenção das formas recorrentes da DCd em vários guidelines. Infelizmente, é um medicamento de alto custo e ainda não disponível no Brasil. Ao contrário dos adul- tos, na população pediátrica não há dados disponíveis que permitam a sua indicação. 7.8. Prevenção A infecção pelo Cd se faz na maioria das vezes no ambiente hospitalar, por via fecal-oral. Inúmeros surtos de infecção pelo Cd têm sido descritos. As medidas preventivas visam conter a infecção no paciente que já está infectado e evitar novas colonizações ou infecções a partir dele. As medidas citadas podem ser agrupadas em quatro conjuntos. (25,40,41,57,58,59) 7.8.1. Medidas para os pacientes, profissionais de saúde e visitantes Os doentes com DCd devem ficar em quartos individuais, usando banheiros

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