Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

78 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 a colectomia total, a colectomia subtotal com ileostomia, sem remover o reto; em um segundo momento após a melhora, é feita a anastomose íleo-retal. A colectomia segmentar tem dado resultados inferiores comparados à colectomia total ou subtotal com ileostomia (8,31,40,51) Alguns trabalhos têm defendido a realização de ileostomia por laparoscopia, seguida de lavagem do colo e administração de vancomicina de 6/6 horas pela ileostomia; alguns resultados iniciais parecem promissores, sobretudo em pacientes sem condições cirúrgicas adequadas, entretanto há necessidade de mais pesquisas para uma melhor conclusão acerca desta proposta. A tigeciclina tem atividade contra C. difficile e vem sendo estudada em alguns trabalhos observacionais, principalmente em casos graves que não estão respondendo bem aos tratamentos convencionais, substi- tuindo o metronidazol. Embora sem estudos randomizados, vários autores consideram que há potencial no seu uso. Recomenda-se 100mg de dose de ataque EV, seguida de 50mg, 2 vezes/dia, durante 10 dias. (24) Alguns trabalhos citam o uso da tigeciclina asso- ciado à vancomicina, porém as casuísticas são pequenas para se tirar conclusões. (42) Em casos não responsivos, refratários aos antibióticos, propõe-se o transplante microbiota fecal, tentativa principalmente nos pacientes com alto risco cirúrgico; deve ser decidido caso a caso, embora haja alguns resultados favoráveis ainda sem conclusões definitivas. (42) 7.6. Formas recorrentes 7.6.1. Primeira recorrência As recorrências em geral acontecem em até 8 semanas após terminar-se o tra- tamento de um episódio de DCd, embora várias referências considerem este período entre 4 e 12 semanas. Na prática não se diferencia a recaída de reinfecção, visto que seria necessária a genotipagem, pou- co disponível na prática clínica fora das instituições de pesquisa. A maioria dos autores considera que na primeira recorrência devem ser aplicadas as regras gerais do tratamento do primeiro episódio da DCd. Se a apresentação for leve ou moderada ou grave, a escolha habitual recai na vancomicina ou, quando for dispo- nível, a fidaxomicina, considerada superior nesta indicação; o metronidazol só deverá ser usado quando não houver nenhuma das duas drogas preferenciais. Se a recorrên- cia for grave e complicada ou fulminante, indica-se a vancomicina, associando-se o metronidazol por via EV. A razão da conduta prende-se ao fato de que as recorrências são causadas por reinfecções ou recidivas a partir de esporos remanescentes no cólon ou reinfecção; a resistência do Cd ao me- tronidazol, à vancomicina e à fidaxomicina é considerada muito rara, sabendo-se que nenhum desses fármacos tem atuação nos esporos. Registre-se que a fidaxomicina é apontada como a melhor opção para tratar a DCd quando o risco de recorrência é aumen- tado, superior neste quesito aos dois outros medicamentos. (37) No tratamento da primeira

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