Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

71 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.49-93, jul-set 2022 Doença associada à infecção pelo Clostridioides difficile . Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. com o infectologista. Os casos mais leves da DCd podem curar-se espontaneamente somente com a suspensão da antibioticote- rapia (15% a 30%) que facilitou o seu apa- recimento. Nestas situações acompanha-se o enfermo observando se há resposta em 48 horas; caso contrário deve-se iniciar o tratamento tradicional. Os pacientes que permanecem com os antimicrobianos apre- sentam DCd mais prolongada, mais recor- rências e demoram mais a responder aos tratamentos habituais. Amesma recomen- dação é feita em relação aos medicamentos imunossupressores e com a quimioterapia antineoplásica, particularmente alguns medicamentos que possuem também ação antimicrobiana; nestes casos é fundamental conversar com o clínico ou o oncologista do paciente e fazer a opção de menor risco. O uso de inibidores da bomba de prótons (IBP), se for possível, deve ser suspenso. Os inibidores da motilidade intestinal como a loperamida e os opiáceos estão contrain- dicados em função de aumentar o risco de megacólon tóxico, em tese por interferir na eliminação das toxinas do C. difficile , na opinião da maioria dos guidelines. Várias referências sugerem não se usar os inibido- res da enzima conversora de angiotensina (IECA) e os bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRA), bem como os an- ti-inflamatórios não esteroidais (AINH) e os diuréticos, relacionados a uma evolução menos favorável, (43) com aumento das com- plicações renais por hipotensão ou desidra- tação. Se for possível devem-se suspender os fármacos associados aos antimicrobianos que causem diarreia como efeito adverso. Compensar as doenças associadas à DCd, como por exemplo o diabetes, insufi- ciência renal crônica, insuficiência hepática, desnutrição, também é medida importante. Nem sempre os exames confirmatórios estão disponíveis ou não são feitos com a presteza necessária; nestes casos, princi- palmente nos suspeitos de formas graves ou complicadas, o tratamento de prova deverá ser iniciado com base nos dados clínicos e epidemiológicos disponíveis. O Cd é muito resistente aos detergentes comuns, facilmente transmissível no âmbito hospitalar, e precisa-se estar atento para o cumprimento das medidas de precauções e de desinfecção preconizadas para o bacilo que serão analisadas em tópicomais adiante. 7.2. Uso de probióticos O uso de probióticos na maior parte dos guidelines , incluindo os mais recentes, não é recomendado para o tratamento nem para a prevenção primária ou secundária da DCd. A argumentação mais citada é a de que os dados disponíveis são contraditórios e as metodologias usadas para as comparações não são adequadas, (2) tornando difíceis as conclusões. (2,7,16,24,36,37,39,42) 7.3. Tratamento das formas leves ou moderadas A maioria dos trabalhos e guidelines estabelece os esquemas terapêuticos e faz

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