Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 3 - 2022

120 Angina de peito refratária: Transplantar ou não transplantar, eis a questão Tayane Vasconcellos Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.3, p.112-123, jul-set 2022 integrado, multidisciplinar e centrado no paciente foi capaz de reduzir os níveis de HbA1c antes de qualquer intervenção, alterando o prognóstico de longo prazo e os riscos de morbidade e mortalidade asso- ciados a qualquer intervenção cirúrgica. (6-9) No passado, doença renal concomitante era considerada uma contraindicação para o transplante cardíaco. Por outro lado, ne- fropatas crônicos em diálise, que são por- tadores de cardiopatia grave, também são contraindicados para transplante renal 6 . Com o avanço de técnicas operatórias e do manejo clínico destes pacientes, tem sido oferecida, em casos selecionados, a opção de transplante combinado coração-rim. (11) Resultados favoráveis desta abordagem têm sido reproduzidos em diversas partes do mundo. (12) A casuística no Brasil, en- tretanto, é anedótica. (13) Uma preocupação importante no contexto do transplante combinado é a escassez de órgãos, de modo que a seleção cuidadosa do paciente que idealmente se beneficiaria desta aborda- gem é crucial. Além disso, não existem evidências que suportem o transplante combinado coração-rim quando o coração não possui disfunção e a disfunção renal não está associada ao baixo débito cardíaco crônico. Neste sentido, estudos direcio- nados para a seleção do candidato ideal para o transplante combinado têm sido conduzidos e menos de 2% dos candidatos ao transplante cardíaco são submetidos ao transplante combinado. (14) A disfunção renal continua a desempenhar um papel importante nos resultados após o trans- plante cardíaco. Na maioria das vezes, os comitês são forçados a tomar decisões sobre apenas transplante cardíaco, transplante de coração e rim ou adiar completamente o transplante. O paciente aqui discutido já se encontrava em programa de hemodiálise crônica e sua candidatura ao transplante renal estava limitada a angina de peito de baixa carga e refratária. Pacientes com doença arterial corona- riana crônica (DAC) significativa subme- tidos a cirurgias de alto risco, como trans- plante de órgãos sólidos, apresentammaior incidência de eventos cardiovasculares perioperatórios. (15) A revascularização do miocárdio profilática de rotina não reduz o risco de morte ou eventos cardiovasculares de cirurgias complexas não cardíacas. (16) Estudos clínicos excluíram ou randomi- zaram poucos pacientes com anatomia coronariana de alto risco, como obstruções de tronco de coronária esquerda despro- tegida e DAC multiarterial. Além disso, esses estudos não incluíram pacientes en- caminhados para transplante de órgãos sólidos. Nesses pacientes, uma abordagem Heart Team seria usada para determinar os riscos e benefícios da revascularização do miocárdio. (16) Em pacientes sintomáticos ou com outras indicações clínicas para a revascularização coronariana esta deve ser considerada de acordo com as reco- mendações de outra forma fornecidas para tais situações, (10) mas a revascularização não deve ser feita com o único objetivo de

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