Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022
31 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Seu uso em cardiopatas com arritmias deve ser também evitado. Classificada como de risco médio de causar colite pelo C. difficile. A clindamicina é uma lincosamida. A diarreia é a queixa mais importante com o seu uso, variando geralmente entre 2% e 20% dos pacientes, principalmente nos idosos, podendo ocorrer até semanas após o seu término. Juntamente com as cefa- losporinas, as penicilinas de largo espec- tro e quinolonas são os antibióticos mais implicados como causa da enterite pelo C. difficile ; considerada como de alto risco; outras formas de diarreia associada a an- tibióticos também são comuns com o uso da clindamicina em pacientes longevos. Diante de diarreia mais intensa, sobretu- do no grupo geriátrico, o antibiótico deve ser suspenso e idealmente investigar-se a infecção pelo C. difficile . Manifestações de intolerância digestiva além da diarreia são também comuns. A clindamicina, que pode causar bloqueio neuromuscular, exi- ge especial cuidado em idosos que serão submetidos a cirurgia e em uso de bloquea- dores neuromusculares. A clindamicina interfere pouco com a metabolização de outros medicamentos, entretanto vários medicamentos podem baixar os seus níveis séricos acelerando a sua metabolização hepática, como é o caso da rifampicina e do itraconazol, entre outros. Lembrar que a injeção IV rápida pode causar parada car- díaca; a injeção venosa deve ser realizada entre 30 e 60 minutos, sem exceder 30mg/ minuto e 1200mg por hora. Quinolonas (42,47) As fluoroquinolonas são antibióticos relativamente bem tolerados visto a gran- de frequência com que têm sido usadas, o que não significa serem isentas de efeitos adversos, particularmente na velhice. Nos doentes geriátricos as alterações na eli- minação renal e na metabolização hepáti- ca podem contribuir para o seu acúmulo e toxicidade, recomendando-se avaliar a função renal antes do seu uso. Como já foi citado, as quinolonas são causas comuns de diarreia associada a antibióticos e são classificadas como de alto risco para a infecção pelo C. difficile , incluindo a cepa NAP1/BI/027, resistente a este grupo de fármacos. As quinolonas, em 0,9% a 11% dos pacientes, podem causar alterações da esfera neurológica, como: tonteiras, cefaleia, insônia, alterações do humor, distúrbios da atenção, alterações da memória, confusão, perda do apetite e tremores, que muitas ve- zes são interpretadas como fazendo parte do comportamento dos idosos; mais raramente citam-se casos de alucinações, delírio e psicoses; mais descritas em pacientes senis e previamente neuropatas. Podem causar crises convulsivas atribuídas a um efeito antagonista do GABA das quinolonas, que pode ser agravado pelo uso concomitante de AINH e da teofilina. (42) As quinolonas podem aumentar o espaço QT com risco potencial de causar arritmias ventriculares polimorfas graves. Este efeito adverso é mais comumente observado com o moxifloxacino, seguido do levofloxacino e
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