Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

44 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 de nefrotoxicidade com o uso do fumarato de tenofovir, um inibidor da transcriptase reversa análogo de nucleotídeo, recomen- dado como um dos medicamentos a serem utilizados no esquema inicial para trata- mento, não devendo ser prescrito, portanto, para pacientes com nefropatia prévia (taxa de filtração glomerular < 60mL/min) ou insuficiência renal. (34,37) Além disso, esse medicamento deve ser evitado em pacientes com osteopenia em razão da diminuição da massa óssea observada com o seu uso. (32,44) Outros inibidores da transcriptase reversa análogos de nucleosídeos, como a zidovudina, estão associados ao risco de ocorrência de diabetes e resistência à insulina, sendo cada vez menos utilizados atualmente. Em pacientes que fazem uso de suple- mentos à base de cálcio, ferro, magnésio ou alumínio, utilizados comumente pela popu- lação mais velha, estes devem ser tomados com intervalo de duas horas após ou seis horas antes do dolutegravir, um inibidor da integrasse e medicamento de primeira escolha para composição do esquema trí- plice de tratamento, atualmente. (41) Nas primeiras semanas de uso do efavi- renz, um inibidor da transcriptase reversa não análogo de nucleosídeo, pode ocorrer alteração do padrão de sono (como insônia ou sonolência), vertigem e até ocorrência de quadro depressivo, situações que, no paciente idoso, podem aumentar o risco de queda e complicações decorrentes, como fraturas, além de piora da qualidade de vida e de autonomia desses indivíduos. Inibidores de protease, classe atual- mente utilizada como segunda linha de tratamento, estão associados à ocorrência de dislipidemia em pacientes com fatores de risco para doença cardiovascular, como obesos e diabéticos, independente da faixa etária. O atazanavir aumenta a possibilida- de de colelitíase, condição relativamente já comum no idoso, bem como de nefrolitíase e doença renal intrínseca. Autilização de antirretrovirais da classe dos inibidores da protease com ritonavir (IP/r) em pacientes que fazem uso de es- tatinas, muito utilizadas por idosos, pode aumentar o risco de mialgia, miopatia e rabdomiólise. A sinvastatina é formalmen- te contraindicada a pacientes em uso de IP/r. Outras estatinas, como atorvastatina e rosuvastatina, têm os seus níveis séricos significativamente elevados quando em as- sociação com IP/r. Assim, quando a coadmi- nistração é necessária, recomenda-se iniciar a estatina com a menor dose diária e manter cuidadosa monitoração laboratorial, com dosagem periódica de creatinofosfoquinase (CPK). Atualmente, os inibidores da protea- se disponíveis no Brasil são o lopinavir em solução, o atazanavir e o darunavir, todos combinados com o ritonavir. Alguns antirretrovirais (ARV) da clas- se dos inibidores da transcriptase reversa, historicamente, têm feito parte da espinha dorsal dos esquemas triplos, contudo a

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