Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

29 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Os pacientes devem ficar atentos para a presença de vertigens, zumbido e perda auditiva; as lesões diagnosticadas no início podem ser reversíveis. Registre-se ainda mais raramente a possibilidade de bloqueio neuromuscular, principalmente em pacien- tes cirúrgicos em uso destes antibióticos. Os efeitos tóxicos são cumulativos entre os diversos aminoglicosídeos, constituindo erro a troca de um aminoglicosídeo pelo outro para contornar a sua toxicidade. Glicopeptídeos (47) Embora seja uma tarefa mais difícil, a vancomicina deve também ser evitada nos idosos, sempre que possível, estando entre os fármacos de uso mais temido, principalmente após os 80 anos. O aumento das infecções pelos estafilococos MRSA e pelos estafilococos coagulase negativa resistentes à oxacilina faz com que o seu uso seja relativamente comum, principal- mente em medicina hospitalar. É ototóxica e nefrotóxica e o risco aumenta quando é associada aos aminoglicosídeos, nas doses mais elevadas e nos tratamentos prolonga- dos. Emmenor escala, o problema é referido também com a piperacilina + tazobactam e com a furosemida e com o uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina. Quando tiver de ser utilizada nos idosos deve-se controlar a função renal e as lesões para o oitavo par. Os idosos comportam-se como pacientes com insuficiência renal fi- siológica; a vancomicina praticamente não é metabolizada e tem eliminação exclusiva renal. Desta forma, os intervalos entre as doses devem ser ajustados nos pacientes com insuficiência renal, e os seus níveis sé- ricos, idealmente, deveriam ser mensurados pois é um antibiótico de faixa terapêutica limitada, onde as concetrações tóxicas são muito próximas da faixa terapêutica. Vale lembrar que a vancomicina tem como efeito colateral a degranulação de mastócitos e que se for infundida rapidamente por via EV causa a síndrome do homem vermelho, que imita clinicamente reações alérgicas do tipo 1 mas não tem nada a ver com a imu- noglobulina E, criando-se um problema de diagnóstico diferencial entre pseudoalergia e alergia verdadeira. A infusão da vanco- micina na velocidade mais recomendada (concentração ≤ 5mg/mL na velocidade de < 15mg/min e < 1g por hora) praticamente elimina a reação pseudoalérgica. A vancomicina por via oral é o trata- mento de escolha para os casos graves de colite pelo C. difficile , comum em idosos. Registre-se que a vancomicina não é absor- vida por via oral e sua administração por esta via em geral não causa reações adver- sas de significado, incluindo os casos com insuficiência renal. Recomenda-se que não seja usada com a colestiramina, pois esta associação diminui o efeito antimicrobiano. A teicoplanina, outro componente deste grupo, é menos usada na prática e temquase as mesmas indicações que a vancomicina. O seu custo é mais elevado, porém vários autores consideram-na com tolerância me- lhor quando comparada à vancomicina.

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