Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

103 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.101-112, abr-jun 2022 Cintilografia com leucócitos marcados para localização de infecção Claudio Tinoco Mesquita et al. ASPECTOS TÉCNICOS PARA MARCAÇÃO DE LEUCÓCITOS A marcação de leucócitos é um pro- cedimento técnico complexo e laborioso, devendo ser realizada em ambiente estéril por profissionais treinados. (3) Requer a manipulação de amostras de sangue que serão reinjetadas no próprio paciente, por isto demanda uma padronização de pro- tocolo e adesão às boas práticas de mani- pulação de amostras em ambiente estéril. Geralmente o procedimento de marcação dos leucócitos é realizado em uma capela de fluxo de laminar, onde é realizada a separação dos leucócitos através de um gradiente de difusão e a posterior marca- ção com um radiofármaco de forma a que os leucócitos não percam as suas funções biológicas normais. Os leucócitos marcados para uso clínico em exames de medicina nuclear empregam cinco grupos distintos de radiofármacos: ƒ 111In-Oxima ƒ 99mTc-HMPAO ƒ 99mTc-Coloides Estanhosos ƒ 99mTc-Anticorpos monoclonais ƒ 18F-FDG Cada um dos radiofármacos tem carac- terísticas específicas, como por exemplo os anticorpos monoclonais que realizam a marcação in vivo , sem a necessidade da retirada de sangue e separação da fração leucocitária. Os leucócitos marcados com 111In-Oxima são muito úteis para infecções de baixo grau e, em especial, nas infecções abdominais, pois não têm significativa eliminação pelo trato gastrointestinal. A baixa disponibilidade do 111Indio e o custo mais elevado do radioelemento fazem esta técnica menos utilizada. Os leucócitos marcados com 18F-FDG apresentam a vantagem da utilização da câmara de PET-CT para aquisição de imagens, o que confere maior resolução espacial e capacidade de quantificação mais acurada da intensidade de captação, entretanto o exame não é de fácil acesso e a meia-vida curta de duas horas do traçador 18F impede a realização de imagens de 24 horas. A ausência de captação gastrointes- tinal e renal e a menor captação cerebral e miocárdica tornam os leucócitos marcados com 18F-FDG um método de imagem par- ticularmente interessante para a avaliação de doenças infecciosas intra-abdominais, renais, cardíacas e cerebrais. Apesar dos poucos estudos, este traçador tem se mos- trado bastante promissor, com elevada sen- sibilidade e especificidade. (4) Atualmente, no Brasil, as técnicas mais empregadas para uso clínico de marcação de leucócitos utilizam o radiofármaco 99mTecnécio, que tem um melhor perfil físico de energia e meia-vida de seis horas e é mais disponível para os serviços de medicina nuclear. Publicações de socie- dades e agências internacionais abor- dam os detalhes técnicos da marcação de leucócitos para os leitores que tiverem interesse. (3,5)

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