Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

38 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 alérgicas leves, Deve-se avisar sobre a coloração avermelhada/alaranjada da urina e outros líquidos orgânicos, característica sistemática com o seu uso. A rifampicina é metabolizada no fígado e, hepatotóxica, deve ser evitada em pacientes idosos com hepatopatias. As reações alérgicas ocorrem em 0,01% a 0,26% e, embora benignas em sua maioria, podem dar problemas sérios como choque anafilático, nefrite intersticial, trombocitopenia, anemia hemolítica, vas- culites, agranulocitose, entre outras. Pode causar um quadro semelhante às viroses respiratórias ( flu like ) em geral passageiro de evolução benigna mas que vez por outra pode ser mais intenso. A rifampicina, em 10% a 30% dos pa- cientes, aumenta as aminotransferases, em geral < de 100 ui/L e de evolução benigna. Em cerca de 1% dos enfermos pode deter- minar uma hepatite tóxica, em geral nas 12 primeiras semanas do início do tratamento, com clínica digestiva, hepatomegalia e ic- terícia. A hepatite em geral tem um padrão colestático com aumento das aminotransfe- rases e da fosfatase alcalina. Os fatores de risco mais citados para o aparecimento da hepatite da rifampicina são a existência de hepatopatia prévia, alcoolismo pesado, uso de doses elevadas e a associação com outros fármacos hepatotóxicos, com destaque para a INH, a pirazinamida e o paracetamol. A rifampicina é um potente indutor de enzimas do sistema P-450 hepático e, em função disto, causa inúmeras interações medicamentosas bem documentadas. Este fato deve ser levado em consideração prin- cipalmente em idosos, que comumente são polimedicados. Dentre os medicamentos que têm a sua metabolização acelerada e por consequência prejuizo da sua atua- ção citam-se anticoagulantes (varfarina, rivaroxabana...), antimicrobianos (azois, atovaquona, cloranfenicol, claritromici- na, doxiciclina, linezolida, moxifloxacino, praziquantel...), cardiovasculares (beta- bloqueadores, bloqueadores dos canais de cálcio, digoxina, losartana,...), em endocri- nologia (biguanidas, glicocorticoides, levo- tirosina, sulfonilureias, anticoncepcionais orais...), neuropsiquiátricos (benzodiazepí- nicos, citolopram, haloperidol, resperidona, fenitoína,...), opiáceos (fentanil, propofol, metadona...), além de vários antirretrovi- rais e outros. Pirazinamida A pirazinamida tem como reações in- desejáveis mais comuns a náusea, os vô- mitos, as mialgias e artralgias. Embora seja muito hepatotóxica em quantidades mais elevadas, nas doses que se usam na tuberculose, atualmente, costuma ser bem tolerada. Mesmo nas doses menores ela pode ser hepatotóxica e tem como fatores de risco mais importantes a associação com a rifampicina, com a INH e outros fárma- cos hepatotóxicos, hepatopatias prévias, e a idade acima de 60 anos. Pode causar hiperuricemia assintomática ou precipitar crises de gota nos indivíduos geneticamen- te predispostos à doença; deve-se evitar

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