Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

16 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Alterações farmacocinéticas mais relevantes dos antibióticos nos idosos (12, 39,35,36) Absorção. Vias de introdução dos antibióticos Embora haja variações individuais, com o passar dos anos o pH do suco gástrico vai ficando mais alto, visto que as células parietais do estômago atrofiam-se e produ- zemmenos ácido, levando a uma hipoclori- dria ou acloridria. O uso de medicamentos que neutralizam ou reduzem a secreção ácida bem como algumas comorbidades produzem o mesmo efeito. A ionização e a solubilidade de alguns antibióticos que dependem do pH baixo podem sofrer alte- rações, interferindo na sua absorção, como por exemplo o itraconazol, sulfonamidas, pirimetamina, cefuroxima, ampicilina e o atazanavir; a dapsona fica insolúvel no pH neutro. Alguns antibióticos que são ácido lábeis podem ter a sua absorção aumentada, como a eritromicina, a claritromicina e as penicilinas. Há diminuição progressiva da superfície de absorção intestinal. Os anti- bióticos são absorvidos por difusão passiva e por isto não sofrem alterações significa- tivas, entretanto alguns medicamentos que dependem de sistemas de transporte ativo na mucosa intestinal, como a vitamina B12, podem ser mais afetados. Há redução do fluxo sanguíneo esplâncnico, em função das alterações vasculares que se instalam com a idade, o que pode diminuir a absor- ção de medicamentos. Nos idosos, o tempo de esvaziamento gástrico e a motilidade intestinal estão lentificados, o que pode acarretar diminuição ou retardo na ab- sorção de antibióticos, além de um tempo maior para se alcançar a concentração máxima, embora estas modificações não pareçam afetar a área sob a curva dos an- tibióticos que foram estudados. A redução da motilidade, ao possibilitar um contato mais prolongado dos antimicrobianos com a mucosa intestinal, parece compensar as alterações descritas na absorção. Alguns autores recomendam usar inicialmente a via venosa quando se quer atingir rapi- damente as concentrações máximas em infecções mais graves. A via oral continua sendo também a mais utilizada nos idosos. Mais importante que as alterações des- critas é a questão da adesão correta ao tratamento, em virtude da polimedicação, muito comum nestes enfermos, das alte- rações da memória do idoso, alterações da visão e da audição que acarretam erros na leitura ou no entendimento da prescri- ção, considerando-se ainda a presença de quadros demenciais associados que no seu conjunto acarretam até 50% de erros nas tomadas dos medicamentos por via oral. Desta forma, a via oral nos idosos deve ser supervisionada; recomendam-se aqueles antibióticos, quando possível, que tenham menos tomadas diárias, evitando-se ain- da os fármacos que não sejam essenciais ao caso. As alterações descritas são mais pronunciadas no IF. Vale lembrar ainda que algumas doenças do trato gastroin- testinal podem interferir na absorção dos

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