Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

22 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 vezes mais RAD. Os idosos nos diversos países recebem de 30% a 40% do total das prescrições, apesar de no momento corresponderem a de 10% a 20% da popu- lação, variando com o país. Estima-se nos Estados Unidos que o custo total de RAD é de cerca de US$ 200 bilhões anuais. As RAD causam ou contribuem para o óbito em 200.000 pacientes anuais nos Estados Unidos. As RAD são responsáveis direta ou indiretamente por 1/5 das internações dos enfermos geriátricos e respondem por 5% a 10% dos custos hospitalares. A cada ano, até 35% dos idosos polimedicados tratados em ambulatórios referemRAD. Dentro deste imenso universo das RAD, os antibióticos contribuem com 5% a 41% dos casos, de- pendendo do setor do hospital estudado. (1,30) Amaior frequência das RAD na senec- tude tem sido atribuída primordialmente aos seguintes fatores: a) alterações fisio- lógicas e anatômicas; b) comorbidades; c) polimedicação; d) outros fatores. (13) As alterações fisiológicas dos idosos, como foi revisto, interfere diretamente na farmacocinética e na farmacodinâmica dos antibióticos. Por outro lado, a reserva funcional dos diferentes órgãos está dimi- nuída, com capacidade menor para tolerar as agressões tóxicas dos antimicrobianos. A maior parte da pesquisa terapêutica é desenvolvida em adultos jovens e tem sido transportada para os idosos sem estudos específicos que levem em consideração suas particularidades, havendo clara ne- cessidade de pesquisas em relação ao tema. Os enfermos geriátricos comumente apresentam doenças associadas, princi- palmente insuficiência cardíaca, diabetes, hepatopatias, desnutrição, insuficiência renal crônica, entre outras que se adicio- nam às alterações descritas anteriormente, agravando o problema. (38,53) Os idosos comumente são polimedica- dos, em função dos múltiplos problemas que apresentam. Várias revisões mostram que os idosos tratados em enfermarias ou nos ambulatórios ingerem entre 2,8 a 8,3 remédios por indivíduo. Registre-se que nestes estudos em geral não estão incluídos remédios caseiros e aqueles de venda livre no comércio, como analgésicos, anti-infla- matórios, vitaminas etc., que podem causar efeitos adversos nada desprezíveis. Este último problema ocorre inclusive em países desenvolvidos, entretanto é mais comum entre nós. O número de RAD aumenta com o número de medicamentos usados. O uso errado dos medicamentos em estudo duran- te um ano ocorreu em 15% com 1 fármaco; com 4 fármacos passou para 35% e com 8 ou mais chegou a quase 100% de erros nas tomadas. Estes erros são mais comuns em idosos que não têm supervisão na sua medi- cação oral; são atribuídos ao esquecimento, decisão deliberada de não tomar o remédio, presença de RAD, não saber administrar corretamente o medicamento pela via in- dicada, não entender a prescrição, falhas na memória recente, quadros demenciais, entre outras razões. Os erros de prescri- ção também podem estar relacionados ao

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