Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

21 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. de preferência, em infusões prolongadas ou contínuas; como alternativa, injeções EV em 30 minutos com intervalos de tempo curto. Com estas formas de administração há um enfraquecimento da concentração máxima, porém aumenta o T > MIC. Entre os anti- bióticos tempo-dependentes incluem-se os beta-lactâmicos (meropeném, imipeném, ertapeném, piperacilina + tazobactam, ce- fepima, ceftazidima etc.), clindamicina, entre outros. O efeito clínico nos idosos com esta estratégia é semelhante ao de outras faixas etárias. Nos idosos com a via renal de eliminação alterada, recomenda-se, quan- do houver necessidade, ajustar as doses e manter os intervalos para tentar obter um maior T > MIC, sendo o ideal a dosagem dos níveis séricos. Os antimicrobianos concentração-de- pendentes têm forte correlação na sua efi- cácia com a concentração máxima obtida dividida pela MIC (C máx / MIC) e com a área sob a curva dividida pela MIC (AUC / MIC). Dentre os antimicrobianos deste grupo citam-se os aminoglicosídeos, ma- crolídeos, metronidazol, fluoroquinolonas, tetraciclinas e a daptomicina. Neste conjun- to a estratégia recomendada é a de utilizar sempre que possível uma dose única diária, com infusão em cerca de 30 minutos. Os aminoglicosídeos são bem estudados e a sua posologia mais recomendada é a de injeção emmonodose diária atingindo a concentra- ção máxima, a mais alta possível dentro da faixa terapêutica. Além do efeito terapêu- tico melhor, as reações adversas também são menos frequentes quando comparadas com as doses fracionadas que se usavam no passado. Os aminoglicosídeos são ne- frotóxicos e ototóxicos e por isto pouco usados, principalmente em idosos. Deve-se monitorar a função renal antes e durante o seu uso. Se houver necessidade de ajustes na insuficiência renal dá-se preferência em aumentar os intervalos entre as doses, mantendo a dose inicial alta. Se possível, dosar os aminoglicosídeos no sangue, o que seria a conduta mais adequada. A eficácia desta estratégia também é comprovada nos idosos, principalmente naqueles em que a função renal é relativamente preservada e não haja outras alternativas para o tra- tamento, recomendando-se, ainda, tratar com a duração mais curta possível dentro da proposta terapêutica de cada infecção. O efeito pós-antibiótico neste grupo co- mumente é prolongado, indo ao encontro da dose única diária. Dentro da faixa te- rapêutica recomendada, quando a MIC do microrganismo é baixa, dependendo da localização da infecção, podem ser utili- zadas as doses do nível mínimo da faixa terapêutica estabelecida nos trabalhos, a fim de minimizar os efeitos adversos nos idosos, sem prejuízo terapêutico. (48,51) REAÇÕES ADVERSAS AOS ANTIBIÓTICOS NOS IDOSOS (38,52) Inúmeros trabalhos atestam a grande frequência de reações adversas às drogas (RAD) nos idosos. Comparados com adultos jovens, os anciãos apresentam duas a três

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