Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

19 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. afetadas. Eventualmente, nos pacientes polimedicados estas mudanças aumentam o risco de interações, devendo-se estar atento para estes fatos. Em vários medicamentos, como a isoniazida, a idade é comprovada- mente fator de risco para o aparecimento de hepatotoxicidade. Especial atenção para os idosos com hepatopatias. (43,52) Eliminação (33,34) Descreve-se no idoso uma progressiva diminuição da massa parenquimatosa re- nal, que após os 50 anos atinge cerca de 10% por década; aos 90 anos em média o rim é 30% menor quando comparado com o dos adultos, principalmente na camada cortical, com relativa preservação da me- dular. O número de glomérulos diminui após os 40 anos, de modo que entre os 20 e os 90 anos a função glomerular declina de 35% a 50% na maioria das pessoas. O fluxo renal encolhe cerca de 1% ao ano após os 50 anos. A secreção e a reabsor- ção tubular também se alteram. A maior parte dos doentes com 80 anos já perdeu cerca de 40% da sua função renal original, mesmo sem doença. Em recente trabalho demonstrou-se que aos 80 anos só 4% dos pacientes tinham função renal conside- rada normal; no restante havia alterações consideradas leves em 53%, moderadas em 25% e nos restantes 18%, graves. (33) Estas alterações amplificam-se quando comorbidades associam-se às alterações fisiológicas dos anciãos, como a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca congestiva, diabéticos com lesão renal e outras nefro- patias crônicas. As consequências prá- ticas destas alterações são a diminuição da eliminação renal dos antibióticos, seja na sua forma ativa ou seus metabólitos, aumento das suas concentrações séricas, da meia-vida, fatos que podem determinar acúmulo dos fármacos e aparecimento de efeitos adversos. Nos idosos evitam-se medicamentos nefrotóxicos sempre que possível. É fun- damental avaliar a função renal dos idosos quando se usam antibióticos que são elimi- nados pelos rins. São necessários ajustes nos intervalos de acordo com a depuração de creatinina, particularmente naqueles com faixa terapêutica estreita, como é o caso da vancomicina e o dos aminogli- cosídeos. Idealmente, estes antibióticos deveriam ser controlados com dosagens séricas periódicas, de modo a preservar a ação antimicrobiana e reduzir o risco de toxicidade pelo seu acúmulo. O nível de creatinina dos idosos é mais baixo em razão da sua perda de massa muscular. Provas mais finas da função renal comumente não estão disponíveis na prática clínica, nas emergências. Muitos autores sugerem a utilização de fórmulas, como a de Cocroft & Gault, que apesar de suas imperfeições dão uma ideia da filtração glomerular com rapidez. Entretanto as equações MDRD ( modification of diet in renal disease ) e principalmente a CKD-EPI ( chronic kid- ney disease epidemiology collaboration ), revisada este ano, são mais recomendadas

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