Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

30 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Macrolídeos, incluindo os azalídeos. Clindamicina (46) A eritromicina apresenta, também nos idosos, intolerância digestiva acentuada e, por isto, na maioria das suas indicações tem sido substituída pela azitromicina ou claritromicina, que são mais bem toleradas. Em doses elevadas, sobretudo em idosos, com insuficiência hepática ou renal, podem ser ototóxicos, produzindo hipoacusia e vertigens, efeito que costuma ser reversível com a suspensão da droga, embora haja casos com lesões irreversíveis descritos. A eritromicina, como os demais macrolídeos, apresenta muitas interações medicamen- tosas. Pode aumentar os níveis de muitos medicamentos, por interferência na sua metabolização como o fenobarbital, glico- corticoides, anticoagulantes orais, teofilina, carbamazepina, ciclosporina, bromocripti- na, varfarina, ergotamina, digoxina, entre outros. Recomenda-se não usar a eritromi- cina com a terfenadina (anti-histamínico) em virtude do risco de arritmias, aumento do espaço QT e até parada cardíaca. A claritromicina em doses mais elevadas tem causado delírios e psicoses, particu- larmente em enfermos com pneumonia durante a sua senescência; nestes pacientes citam-se ainda sonolência, cefaleia, ansie- dade, podendo evoluir para delírio e psicose e hipoacusia. Podem aumentar o espaço QT e desencadear arritmias ventriculares, efeito mais descrito em idosos com cardio- patia isquêmica. Recomenda-se evitar os macrolídeos quando usados com outros medicamentos que aumentem o espaço QT, particularmente alguns antiarrítmicos em pacientes cardiopatas. A claritromicina pode diminuir o meta- bolismo hepático de vários medicamentos, como a digoxina, teofilina, midazolam, dia- zepam, bromazepam, rifabutina, varfarina, sildenafil, lovastatina, fenitoína, ciclospo- rina, entre muitos outros, aumentando os seus níveis e facilitando os efeitos adversos por estes fármacos, muitos dos quais de uso comum nos idosos. A claritromicina usada concomitantemente com inibidores dos canais de cálcio pode também inter- ferir com a sua metabolização, levando à hipotensão e nefrotoxicidade. Recomen- da-se não usá-la com a cisaprida visto o risco de arritmias, aumento do espaço QT e torsades de points . A azitromicina é mais bem tolerada do ponto de vista digestivo do que a eri- tromicina e com menos intolerância que a claritromicina. A absorção digestiva da azitromicina é elevada, principalmente se usada mais de 1 hora antes das refeições, porém diminui se prescrita com fármacos contendo alumínio oumagnésio. A azitromi- cina é em boa parte eliminada pela mucosa intestinal e pela bile e interfere muito pouco com a metabolização de outros fármacos no fígado, ao contrário do que ocorre com os outros macrolídeos. Como os demais macrolídeos é citada entre as causas de aumento do espaço QT devendo-se evitá-la junto com outros medicamentos que causam o mesmo problema, incluindo a cloroquina.

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2