Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

126 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 Apesar dessa constatação as pacientes podem esperar futuras gestações com re- sultados semelhantes do que é encontrado na população geral. Contudo, pelo risco elevado de nova gravidez molar, exames de ultrassonografia devem ser realizados no primeiro trimestre da gestação subsequen- te a fim de confirmar o desenvolvimento normal da gestação. Todo o produto da gravidez deverá ser enviado para estudo anatomopatológico. Ademais, deve o hCG ser medido seis semanas após qualquer tipo de gravidez (abortamento, prenhez ectópi- ca, parto) a fim de excluir coriocarcinoma gestacional não molar. (77,78) CONSIDERAÇÕES FINAIS Não obstante infrequente, é a gravidez molar 5 a 10 vezes mais comum no Brasil do que nos Estados Unidos e Europa. Por isso, qualquer gestante com quadro de he- morragia genital, acompanhada ou não por útero aumentado para a idade gestacional, cistos tecaluteínicos, hiperêmese, pré-e- clampsia ultraprecoce, hipertireoidismo ou complicações respiratórias deverá ser submetida à US pélvica-transvaginal a fim de excluir a gravidez molar. Feito o diagnóstico dessa moléstia, de- vem as pacientes ser encaminhadas para Centro de Referência onde o esvaziamento uterino feito por vácuo-aspiração monito- rado pela ultrassonografia ou vídeo-histe- roscopia será realizado. O seguimento pós-molar, cuja essência é a monitoração semanal dos níveis de hCG até a remissão da doença, permitirá reconhecer precocemente os casos de NTG pós-molar e instituir a quimioterapia apro- priada, com sua elevada taxa de cura. Nesse período a contracepção é essencial a fim de manter fidedigno o marcador biológico dessa doença. Após a alta do seguimento, vigilância obstétrica na gestação subsequente será capaz de despistar a ocorrência de mola hidatiforme de repetição, ainda que isso venha a acometer apenas 1% a 2% das pacientes. O tratamento dessas pacientes feito em Centro de Referência, rigoroso, sistemático e pontual, garante as melhores taxas de sucesso, preservação da fertilidade e cura, focando em um cuidado humanizado, holís- tico e integral dessas mulheres acometidas por essa moléstia tão invulgar da gestação. REFERÊNCIAS 1. Berkowitz RS, Goldstein DP. Current advances in the management of gestational trophoblastic disease. Gynecologic Oncology. 2013;128(1):3-5. 2. Ngan HY, Kohorn EI, Cole LA, Kurman RJ, Kim SJ, Lurain JR et al. Trophoblastic disease. Int J Gynaecol Obstet 2012;119 (Suppl 2):S130-6. 3. Tse KY, Ngan HYS. Gestational trophoblastic disease. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol 2012;26(3):357-70.

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