Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

120 Fundamentos do diagnóstico e tratamento da gravidez molar Vanessa Campos et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.113-130, abr-jun 2022 pélvicas anexiais, pré-eclampsia ultra- precoce, hipertireoidismo e complicações pulmonares – já referidas. Sem dúvida, a dosagem de hCG mostra valores elevados, frequentemente maiores que 100.000 UI/L, muitas vezes não compa- tível com a idade gestacional, auxiliando no diagnóstico. Ainda de valia será a dosagem de hCG nos casos em que a histopatologia é inconclusiva (notadamente em casos de aborto hidrópico) ou quando não se dispõe de avaliação histopatológica de produto de esvaziamento uterino. (1-4) O diagnóstico da gravidez molar foi re- volucionado pelo emprego da US. A MHC é facilmente visualizada pela US, quando se observa eco endometrial hiperecoico, preenchido por imagens hipoecogênicas, irregulares, centrais ou margeando o mio- métrio, na ausência de embrião-feto (Fi- gura 6). É frequente o útero encontrar-se aumentado para a idade gestacional e os ovários apresentarem policistose (múl- tiplas formações císticas, de 4cm a 8cm, anecogênico, bem delimitado, geralmente bilateral). Nesses casos, 80% das MHC são diagnosticadas à US. O impacto da idade gestacional nesse diagnóstico é inquestio- nável. Estima-se que cerca de 25% a 50% das gestações molares não são diagnosti- cadas ao ultrassom pela idade gestacional precoce com que os exames são feitos. (17,44) O diagnóstico da MHP, estando íntegro o feto, não oferece dificuldade após a 12ª semana de gestação. A suspeita diagnóstica é fortalecida ao se visualizar imagens de Figura 6 Ultrassonografia mostrando útero aumentado de tamanho, preenchido por áreas amorfas, hipoecogênicas, estando ausentes embrião e anexos, compatíveis com mola hidatiforme completa. feto com áreas hidrópicas e hiperecogênicas tipo “flocos de neve” no sítio placentário. O feto apresenta malformações grosseiras, mais bem percebidas no segundo trimestre (Figura 7). A US reconhecerá 90% das MHP com as alterações clássicas descritas. Infelizmente, esse não é o cenário mais frequente. Em verdade, o cenário da MHP diagnosticada precocemente é tão inespe- cífico que faz com que mais de 70% desses casos não sejam diagnosticados pela US. (63) DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DA GRAVIDEZ MOLAR Há que se considerar duas situações clínicas distintas que servirão como diag- nóstico diferencial da gravidez molar. A primeira situação é a displasia me- senquimatosa da placenta (DMP). Trata- -se de anomalia obstétrica bissexta, com

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2