Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

15 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. causadas por microrganismos resistentes, como Staphylococcus aureus resistente à penicilina (MRSA), Enterococcus resis- tente à vancomicina (VRE), pneumococos e enterobactérias resistentes às fluoroqui- nolonas, Gram-negativos multirresistentes, produtoras de amp C ou beta-lactamase de espectro estendido (ESBL) e carbapenema- ses, o Clostridioides difficile, entre outros. A convivência destes pacientes entre si nestas comunidades de idosos, atendidos por profissionais de saúde que cuidam de vários pacientes, facilita a transmissão; os que são dependentes de cuidados destes profissionais para suprir as suas necessida- des diárias, mesmo em sua residência, têm risco maior. Os idosos que usam cateteres de longa permanência corremmaior risco. Outro fator importante nestas instituições é a carência de clínicos com boa formação geriátrica, além da falta de comissões de controle do uso de antimicrobianos, fatos que levam ao uso abusivo de antibióticos, estimado em casas de repouso americanas entre 25% e 75% das prescrições, evento que facilita a instalação da infecção pelo C. difficile e pressão seletiva para bactérias resistentes. Os idosos que vivem em suas casas têm menor probabilidade de infecções por germens resistentes quando comparados aos que vivem em casas de repouso ou que têm necessidade de hospitalizações; de modo geral, os que vivem em suas casas têmmenos comorbidades e, por isto, menor dependência de cuidados dos familiares ou de profissionais da saúde. PRINCIPAIS PARTICULARIDADES DO USO DOS ANTIMICROBIANOS NOS IDOSOS Apesar dos mais de 80 anos de uso, o conhecimento da antibioticoterapia nos idosos ainda tem muitas lacunas. Durante o curso médico a fisiologia que é ensinada tem como base os adultos normais, porém são pouco abordadas as modificações que vão ocorrendo com a idade. A maioria dos ensaios clínicos terapêuticos excluem os idosos. As conclusões obtidas nos estudos em adultos são comumente aplicadas, sem pesquisas específicas, nos idosos. As bu- las dos medicamentos de uma forma geral não incluem instruções específicas para idosos, embora estas informações comecem a ser exigidas pela legislação de alguns países. Em antibioticoterapia o aforisma terapêutico seguido para grande parte dos medicamentos usados em geriatria de “começar por baixo e aumentar devagar” não se aplica para os antimicrobianos. (6) Em antibioticoterapía deve-se começar rápido, com a dose certa e ajustar durante o tratamento quando for o caso, devido à maior gravidade potencial das infecções. A fisiologia, a farmacocinética e a farma- codinâmica dos antibióticos nos anciãos têm muitas particularidades que devem ser consideradas e as principais serão re- visadas a seguir. (8,21,40)

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