Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

32 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 ciprofloxacino. Recomenda-se cuidado re- dobrado ao usá-las em pacientes com condi- ções que podem ter aumento do espaço QT, como hipocalemia, hipomagnesemia, hipo- tireoidismo, bradiarritmias, ou em doen- tes usando alguns antiarrítmicos, como a quinidina, procainamida, amiodarona e o sotalol. Estas reações adversas são mais citadas em idosos e cardiopatas. Muitas ou- tras medicações podem aumentar o espaço QT e que eventualmente são usadas por idosos, como a cloroquina, quinina, lume- fantrina, efavirenz, fluconazol, itraconazol, claritromicina, eritromicina, azitromicina, pentamidina, terfenadina, cisaprida, para citar apenas algumas, e nestes casos há mais chances de ocorrerem interações. As quinolonas, sobretudo em idosos, têm sido relacionadas a casos de aneurisma de aorta e dissecção de aneurisma, por mecanismo ainda não bem estabelecido. Podem ocasionar tendinites e rotura de tendões, descritos até alguns meses após o curso terapêutico; o uso simultâneo de cor- ticoides, a presença de doença renal crônica, idade acima de 60 anos, os pós-transplanta- dos e a obesidade são considerados fatores de risco para o seu aparecimento. É uma reação adversa incomum e recomenda-se repouso. Em geral, as lesões de tendinite são reversíveis, mas podem complicar-se com a rotura dos tendões. As quinolonas diminuem a metaboliza- ção de alguns fármacos como o varfarina e a teofilina, aumentando a sua ação; sua absorção diminui quando ministrada junto com fármacos contendo alumínio, magnésio, antiácidos, ferro e zinco. Tetraciclinas e glicilciclinas (tigeciclina) A utilização das tetraciclinas entre nós ficou mais restrita, em indicações bem precisas, por conta do uso abusivo durante décadas e muita pressão seletiva de resis- tência em muitas bactérias. De um modo geral, são bem toleradas pelos idosos, des- tacando-se manifestações de intolerância digestiva em cerca de 10% dos pacientes, em especial a diarreia associada ao uso dos antibióticos, incluindo a infecção pelo C. difficile . Comparada às tetraciclinas de primeira geração, a doxiciclina é considera- da commelhor tolerância e com a farmaco- cinética mais favorável, facilitada por uma ou duas tomadas diárias. Na insuficiência renal não são recomendadas por conta da sua ação catabolizante no metabolismo dos aminoácidos, que leva a aumento das escórias nitrogenadas, acidose e hiperfos- fatemia. Caso seja indispensável, em geral utiliza-se a doxiciclina, que é eliminada em grande parte por regurgitação colônica. Muito importante nos idosos polimedica- dos são as interações medicamentosas com as tetraciclinas. Sua absorção é inibida com antiácidos, leite, medicamentos com alumínio, magnésio, ferro, kaolin-pectina, salicilato de bismuto, bicarbonato de sódio, pois decrescem sua absorção ou as inati- vam. A carbamazepina, a fenitoína e os barbitúricos aceleram o seu metabolismo e

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