Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

55 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.49-62, abr-jun 2022 Fibrilação Atrial – diagnóstico, fisiopatologia e terapêutica Eduardo B. Saad e Charles Slater colaterais, o mais prevalente é a dispepsia. O medicamento não deve ser utilizado em pacientes com depuração de creatinina < 30mL/min. A rivaroxabana é um inibidor direto do fator Xa, com meia-vida de cinco a nove horas em pacientes jovens e de 11 a 13 horas em idosos. Aproximadamente 2/3 desse fármaco têm eliminação hepática e o restante, renal. O estudo ROCKET AF (20) comparou 20mg/dia com varfarina (INR: 2-3) e demonstrou a não inferioridade da rivaroxabana. Análises subsequentes re- lacionadas aos desfechos de segurança mostraram redução significativa no AVC hemorrágico e sangramento intracraniano, sem impacto na taxa de mortalidade. Com base nos achados desse estudo, a rivaro- xabana foi aprovada para prevenção de tromboembolismo em portadores de FA, na dosagem de 20mg/dia. Em função de seu perfil, ela pode ser utilizada na dosagem de 15mg/dia em pacientes com disfunção renal (depuração de creatinina: 30mL- -49mL/min). É contraindicação absoluta em pacientes com depuração de creatinina < 30mL/min. A apixabana também é um inibidor direto do fator Xa. Aproximadamente 75% desse medicamento são excretados via fecal e 25% via renal. O ensaio ARISTOTLE (21) foi um estudo duplo-cego de não inferio- ridade, que comparou 5mg de apixabana (ou 2,5mg em pacientes selecionados) com varfarina (INR 2-3) em 18.201 pacientes. Houve redução significativa nos desfechos de eficácia (AVC e embolia sistêmica) em 21%, quando comparado com a varfarina, associada a reduções significativas de 31% em sangramento maior e de 11% na mor- talidade por todas as causas. A dose deve ser ajustada para 2,5mg duas vezes ao dia, nos pacientes com pelo menos dois dos três fatores a seguir: idade superior a 80 anos, peso abaixo de 60kg e creatinina sérica igual ou superior a 1,5mg/dL. A edoxabana foi avaliada pelo estudo ENGAGE-AF, (22) duplo-cego e randomi- zado, com três braços (varfarina, edoxa- bana alta dose e edoxabana baixa dose). Mostrou-se não inferior à varfarina, no regime de alta dose (60mg uma vez ao dia) e no regime de baixa dose (30mg uma vez ao dia). A dose foi reduzida à metade na randomização nos pacientes randomizados para os dois regimes de edoxabana, quando presente um dos seguintes fatores: depura- ção de creatinina entre 30 e 50mL/minuto, peso inferior a 60kg e uso concomitante a inibidores potentes da glicoproteína-P como o verapamil. Houve redução signifi- cativa na ocorrência de AVC (isquêmicos e hemorrágicos) quando se utilizou alta dose da edoxabana. Controle da Frequência Cardíaca Nos pacientes que apresentam fibrilação atrial associada a alta resposta ventricular, a sintomatologia pode estar relacionada à própria taquicardia, levando à disfunção diastólica por déficit de relaxamento do

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