Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

77 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.75-82, abr-jun 2022 Suporte avançado de oxigenoterapia e medidas de resgate em ventilação mecânica invasiva na COVID-19 Luciana Tagliari e Saulo Beiler comorbidades têm maior probabilidade de falha ao método. Além disso, vale ressaltar maior mortalidade em pacientes com falha à terapêutica. (7,8) VNI Historicamente, a VNI tem papel de im- portância no manejo da falência respiratória crônica, contudo seu uso na falência respi- ratória aguda hipoxêmica é questionável. A VNI é frequentemente evitada na SDRA grave pela associação do risco de falência ao método com pior prognóstico. (1,9,10) Na COVID-19, dados relativos à eficácia e à segurança da VNI ainda são limitados. Uma coorte prospectiva de Nova York encontrou uma falha maior que 60% a mé- todos não invasivos (CNAF, VNI e máscara não reinalante). (11) Coppadoro e colaboradores conduziram um estudo observacional para avaliar a eficácia da pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) oferecido em Helmet (dispositivo de interface da ventilação que recobre por completo a cabeça do paciente submetido à VNI) para pacientes COVID-19 nos quais falhou a oxigenoterapia padrão. O grupo Helmet CPAP obteve sucesso em 69% dos pacientes com plano de terapia completa e 28% dos pacientes com ordem de não intubação. A estratégia foi associa- da à melhora significativa de oxigenação (aumento de relação PaO2/FiO2 em 100) e redução de frequência respiratória (28 para 24 ipm). (12) O HENIVOT trial randomizou 110 pa- cientes com insuficiência respiratória mo- derada ou grave por COVID-19 (PaO2/FiO2 < 200) a VNI comHelmet (PEEP – pressão positiva no final da expiração – de 10 a 12cmH 2 O e pressão de suporte de 10-12cm H 2 O) versus CNAF. Realizado em quatro UTIs da Itália, esse estudo não mostrou diferença significativa no número de dias livres de suporte ventilatório e mortali- dade entre os métodos, porém a taxa de intubação endotraqueal e os dias livres de ventilação mecânica invasiva (VMI) em 28 dias foram significativamente menores no grupo de VNI. (13) Emum editorial focado no assunto, Ing e colaboradores fazema distinção entre SDRA típica e SDRA atípica. Nos pacientes com a variante atípica (baixa elastância, baixo peso do pulmão na tomografia computadorizada do tórax e parênquima pulmonar aerado), o uso do Helmet CPAP pode ser seguro e efetivo. Entretanto, monitoramento contí- nuo deve atentar para sinais de excessivo trabalho respiratório ou desenvolvimento de SDRA típica. Nesse momento, deve-se instituir a ventilação mecânica invasiva. (14) Idealmente, o uso da VNI deve ser aliado a estratégias para minimizar P-SILI e lesão induzida pela ventilação (VILI) tais como: a utilização de volumes correntes baixos, monitoração de volume-minuto menores que 10L/min, controle de driving pressure (força motriz), que se trata numericamente da diferença entre pressão de plateau e PEEP e foi o índice que, em estudos, refletiu

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