Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

76 Suporte avançado de oxigenoterapia e medidas de resgate em ventilação mecânica invasiva na COVID-19 Luciana Tagliari e Saulo Beiler Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.75-82, abr-jun 2022 versus terapia de oxigênio convencional em baixo fluxo para evitar intubação en- dotraqueal em pacientes com COVID-19 (incidência de intubação de 34% no grupo CNAF versus 51% no grupo oxigênio con- vencional em baixo fluxo para COVID-19 severo), além de proporcionar menor tempo para recuperação clínica (11 dias versus 14 dias). (2) Quando comparado CNAF versus ven- tilação mecânica invasiva precoce na CO- VID-19, percebe-se que a utilização de CNAF pode levar a um aumento em dias livres de ventilação mecânica e redução de tempo de permanência emunidade de trata- mento intensivo (UTI) (diferença média de 8,2 dias a menos de internação em UTI). (3) Trabalhos associando posição prona e CNAF também foram promissores em evitar intubação endotraqueal. O uso de posição prona em pacientes acordados com CNAF segue o racional de que o CNAF sozinho pode ser insuficiente para corrigir a hipoxemia secundária a shunt intrapul- monar e alteração na relação ventilação/ perfusão (V/Q). Nesse contexto, a prona poderia contribuir com a redução do risco de P-SILI por promover uma distribuição mais homogênea da ventilação enquanto melhora oxigenação e alteração V/Q. (4-6) Atenção e cuidado na seleção do pacien- te submetido a CNAF provavelmente sejam a chave do sucesso, entendendo que pacien- tes imunossuprimidos, com escore SOFA (avaliação sequencial de falência orgânica) mais elevados (≥ 6), lactato alterado e com Estudos observacionais reportaram alta mortalidade em pacientes que necessitaram de ventilação mecânica invasiva. Tal evi- dência instigou a preocupação em evitar a intubação precoce e ventilação mecânica. Também houve a preocupação no sentido de que pacientes com insuficiência respira- tória aguda em ventilação espontânea pu- dessem gerar autoinjúria pulmonar (P-SILI – patient self-inflicted lung injury ), devido ao alto drive respiratório e por variações de pressão transpulmonar. Portanto, uma abordagem commétodos que proporcionassem suporte ventilatório não invasivo ao mesmo tempo que limitas- sem a P-SILI e que evitassem a intubação e ventilação mecânica tem sido recomendada. Dentro desse cenário, o uso de ventilação não invasiva (VNI) e de cateter nasal de alto fluxo de oxigênio (CNAF) ganhou novas perspectivas. CNAF A oferta de oxigênio em alto f luxo, através de cânula nasal, pode auxiliar no tratamento da doença, haja vista que a técnica pode ofertar oxigênio a 100%, ao passo que reduz o espaço morto com con- sequente redução de carga de trabalho. Como resultado, observa-se redução da necessidade de intubação endotraqueal e risco de escalonar terapia em pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica. (1,2) Há evidência de estudo clínico rando- mizado a favor da superioridade de CNAF

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