Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

41 Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. apontam a redução de casos novos de HIV em todas as faixas etárias, exceto em homens de 20 a 24 anos, e em maiores de 60 anos em ambos os sexos. Em 2006, a taxa de detecção de casos novos nesta última faixa era de 10,8 e 5,6 por 100 mil habitantes para homens e mulheres, res- pectivamente. Em 2020, houve redução para 9,4 e 4,5 por 100 mil habitantes. (7) Cada vez mais as pessoas completam 60 ou mais anos em boas condições de saúde e com vida sexual ativa. Mudanças sociais também vêm ocorrendo, aceitando este comportamento com naturalidade, infeliz- mente muitas vezes sem a conscientização adequada das medidas preventivas que devem ser adotadas. (26) O contínuo progresso da terapêutica antirretroviral (TARV) transformou a in- fecção pelo HIV em uma doença crônica e de tratamento ambulatorial. Nos Estados Unidos, a expectativa de vida dos pacien- tes em uso de TARV tem uma defasagem de somente 5 anos em relação à população geral, (49) portanto é de se esperar que o número de pessoas com infecção pelo HIV acima dos 60 anos irá crescer, a menos que se alcance a tão sonhada cura da doença. (15) No Brasil, atualmente a recomenda- ção de início de terapia antirretroviral é para todas as pessoas que vivem com HIV (PVHIV). O esquema inicial deve ser composto de lamivudina e tenofovir, e um inibidor de integrase (INI), dolutegravir. O manual brasileiro de setembro de 2018 (10) não recomenda alteração desse esquema para as pessoas de 60 ou mais anos, porém solicita atenção e acompanhamento dos idosos devido à possível nefrotoxicidade e à desmineralização óssea decorrente do uso do tenofovir. O tratamento de HIV nesse grupo apresenta o mesmo sucesso em controle da carga viral que nos pacientes mais jovens, porém a recuperação do CD4 é habitualmente mais modesta. (50) Apesar dessa indicação padrão de uso de medicamentos, é importante uma ava- liação individualizada do esquema, (13) em particular na população idosa. Nesse grupo de pacientes encontramos desafios como presença de comorbidades, disfunção renal, polifarmácia, risco de aumento de efeitos adversos, interações medicamentosas, de- lirium, quedas, fraturas e baixa adesão. Estudos demonstrammaior frequência de alterações na TARV básica em idosos em razão da RAD. Os inibidores de protease, em especial, são o grupo de medicamentos mais envolvidos. Essa classe de fármacos é metabolizada pelo citocromo P-450, sistema que pode estar menos ativo nessa faixa etá- ria. O uso de inibidores de integrase, por ser uma classe mais nova de medicamen- tos, foi menos estudado nos idosos, porém sugere-se que sejam mais bem tolerados em comparação aos inibidores de protease e aos inibidores de transcriptase reversa não análogos de nucleosídeos. A polifarmácia, comum na senectude, aumenta o risco de interações medicamen- tosas com a TARV; são referidas dezenas delas. Os fármacos commaior potencial de

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