Publicação científica trimestral do CREMERJ - número 2 - 2022

20 Bases racionais da antibioticoterapia nos pacientes idosos. Atualização Nelson Gonçalves Pereira et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.2, p.7-48, abr-jun 2022 pelos nefrologistas, sendo as calculadoras facilmente disponíveis em sites como o da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Comu- mente o uso de antibióticos que são elimi- nados pelos rins nos idosos com infecções graves deve ser feito como se eles tivessem insuficiência renal leve ou moderada. (6,29,48) Farmacodinâmica (FD) dos antibióticos nos idosos (6,34,26,51) O impacto da idade nos modelos de far- macodinâmica dos antibióticos e os ajustes necessários para seu uso nos pacientes geriátricos são pouco estudados. Os re- ceptores das células do organismo humano onde a maioria dos fármacos atuam podem alterar-se nos idosos, principalmente na sua densidade, na afinidade e tipo de atua- ção. Ao contrário do que sucede com os medicamentos comuns, os receptores dos antibióticos estão nos microrganismos do foco infeccioso e não mudam nos idosos; bastando para isto que eles aí cheguem em concentração adequada, (12) embora seus efeitos colaterais possam modificar-se. Mesmo havendo variações individuais, as alterações farmacocinéticas, citadas no tópico “Alterações farmacocinéticas mais relevantes dos antibióticos nos ido- sos”, que são decorrentes das alterações fisiológicas do envelhecimento e das co- morbidades que o acompanham, acabam tendo repercussões na farmacodinâmica dos antimicrobianos. Desta forma tam- bém é fundamental adotar medidas para otimizar a posologia dos antimicrobianos, aplicando nestes pacientes os princípios da farmacodinâmica mais bem estabelecidos em outras faixas etárias. (24) Se a posologia dos antimicrobianos for correta, aumen- tam-se as chances de se alcançar não só a cura clínica, mas também da erradicação dos microrganismos do local da infecção, prevenindo a seleção de resistência, além de se diminuir os efeitos adversos. A chegada dos antibióticos no local de atuação depende principalmente da sua farmacocinética, da estrutura, forma e de outras propriedades físico-químicas, além da vascularização dos tecidos afetados e das características anatômicas de cada infecção. Os antimicrobianos do ponto de vista da farmacodinâmica são classificados em tempo-dependentes e concentração-depen- dentes. Nos antibióticos tempo-dependentes o melhor índice FD que se correlaciona com sua eficácia é o período em que ele fica acima da concentração inibitória mínima (T > MIC). Após atingir a concentração ótima de ação, neste grupo de antibióticos, é inútil elevar as doses, considerando-se que os receptores bacterianos estão sa- turados e a sua ação não aumenta. Nos microrganismos com a MIC baixa estudos mostram que a utilização dos antibióticos na dosagemmenor, dentro da faixa correta estabelecida, produz resultados semelhan- tes aos da dosagem maior dentro da faixa recomendada, o que seria acompanhado de menos efeitos adversos, problema sempre importante nos idosos, além do menor custo. Estes antibióticos devem ser administrados,

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