Publicação científica trimestral do CREMERJ

50 Pancreatite autoimune José Galvão-Alves, Bruna Cerbino de Souza Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.45-58, jan-mar 2022 MÉTODOS DE IMAGEM O exame do pâncreas através dos mé- todos radiológicos convencionais não pos- sibilita a distinção entre os subtipos de PAI, e ambos podem manifestar-se sob as diferentes formas: difusa, focal ou multifo- cal. (25) Como método de avaliação inicial no diagnóstico diferencial dos quadros de dor abdominal e icterícia, a ultrassonografia abdominal permite a detecção de aumentos volumétricos do órgão, especialmente quan- do este é extenso, como na forma difusa. A ultrassonografia apresenta como vantagens o baixo custo e grande disponibilidade, entretanto trata-se de um exame opera- dor dependente e, em alguns pacientes, a adequada observação pancreática pode ser difícil, ou mesmo inviável. A tomografia de abdome com contraste intravenoso permite o reconhecimento apropriado das alterações da PAI, as quais correspondem ao aumento do pâncreas, que se encontra hipodenso quando com- parado ao fígado e ao baço, e à perda das lobulações e rugosidades peculiares, produzindo imagem característica de pân- creas em formato de salsicha (Figura 1). Na fase tardia da captação do contraste, visibiliza-se a imagem típica de uma área hipodensa com hipercaptação periférica, localizada em torno do órgão. (26) A essa imagem com aspecto característico dá-se o nome de captação em anel, e deve corres- ponder ao processo fibroinflamatório que acomete os tecidos peripancreáticos. No entanto, apesar de altamente específica, a captação em anel é encontrada em apenas 30%-40% dos casos. (27) À ressonância magnética (RM), o pân- creas mostra-se discretamente hiperinten- so em T2 e hipointenso em T1, podendo haver fino halo de hipossinal em T1 e T2. Após contraste, nota-se impregnação deste, discreta, tardia e homogênea, além de es- tenose ductal. Os ductos pancreáticos são pequenos e de fino calibre, porém podem apresentar estenose difusa ou segmen- tar resultante da compressão pelo edema parenquimatoso. (28) Quando associada à técnica de colangiografia, há um ganho importante na avaliação ductal pancreática e da árvore biliar. Modalidade recente, a elastografia por ressonância magnética auxilia na diferenciação entre lesões focais pancreáticas benignas e malignas através da análise de sua elasticidade. A despeito Figura 1 Tomogra f ia comput ador i zada de abdome evidenciando pâncreas difusamente aumentado, com a clássica aparência “em salsicha”. Fonte : arquivo pessoal.

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