Publicação científica trimestral do CREMERJ

74 Infecções do trato urinário na mulher Francisco J. B. Sampaio et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.70-76, jan-mar 2022 diagnóstico diferencial deve ser feito por meio de exames de imagem, conforme vimos anteriormente. De acordo com a EAU, as fluoroquinolonas são os fármacos de pri- meira linha. Além desta classe, as cefalos- porinas são os únicos agentes que podem ser recomendados para o tratamento em- pírico oral da pielonefrite não complicada. A nitrofurantoína não está indicada nesse contexto (pielonefrites). Em áreas de alta resistência a quinolonas, outro regime pos- sível seria o sulfametoxazol + trimetoprim. Os esquemas recomendados são: Pielonefrite não complicada (oral ou parenteral) Ciprofloxacino 500mg, 12/12h, 7 dias, via oral; 400mg 12/12, IV Levofloxacino 750mg 1x/dia, 5 dias Sulfametoxazol + trimetroprim 800/160mg, 12/12h, 14 dias Ceftriaxone 1 a 2g 1x/dia, 10 dias, IV Fármacos de segunda linha incluem a piperacilina/tazobactam, cefepime, genta- micina e amicacina. Os carbapenêmicos só devem ser considerados em pacientes com resultados iniciais de cultura indicando a presença de organismos multirresistentes. Nas pielonefrites complicadas, os regi- mes indicados são: Pielonefrite complicada (parenteral) Amoxicilina ou cefalosporina 2ª geração + aminoglicosídeo Ceftriaxone Com relação às quinolonas, nos quadros complicados só devemos usá-las se tiver- mos antibiograma com boa sensibilidade e o tratamento for administrado por via oral, ou seja, para pacientes que não serão internados. A EAU ainda recomenda que não se deve usar fluoroquinolonas no tra- tamento empírico de ITU complicada em pacientes de centros urológicos, ou quando o fármaco foi usado nos últimos seis meses. Nos casos complicados, com obstrução, a drenagem de urgência é mandatória, com duplo J, ou nefrostomia percutânea. CASOS ESPECIAIS Vamos pontuar algumas situações espe- ciais, que têm importância na prática clínica. Uso de cateter Em pacientes em uso de cateter, deve-se considerar como ITU complicada. Nesses pacientes, a piúria, odor fétido ou urina tur- va, como únicos indicadores, têm baixa pre- dição de ITU real. E também não devemos considerar o resultado de cultura de urina de rotina (em pacientes assintomáticas), visto que por serem pacientes colonizadas frequentemente terão resultado positivo sem significância clínica. A urinocultura deve ser realizada antes do início do tra- tamento, naquelas pacientes com sintomas clínicos, e sempre associada à troca do cateter de demora. Assim, enfatizamos que em pacientes com cateter e assintomáticos a urinocultura é dispensável. A profilaxia

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