Publicação científica trimestral do CREMERJ
62 Cirrose hepática – abordagem diagnóstica e terapêutica Carlos Eduardo Brandão Mello Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.59-69, jan-mar 2022 essencial, as glomerulonefrites, vasculites, poliarterites nodosas, alterações hematoló- gicas, cutâneas e tireoidianas, na maioria das vezes desencadeadas por antígenos virais e complexos imunes circulantes. AVALIAÇÃO LABORATORIAL Na avaliação laboratorial do paciente com cirrose hepática pode-se empregar conjunto abrangente de testes bioquímicos que refletem a lesão hepatocelular, como as aminotransferases (alanina aminotransfe- rase – ALT e aspartato aminotransferase – AST), e canalicular, como a fosfatase alcalina e a gama-glutamiltranspeptidase, importantes na investigação de doenças crônicas colestáticas do fígado, como a colangite biliar primária (CBP), hepatite autoimune, síndromes de superposição e aquelas induzidas por medicamentos. (1-5) Além desses testes existem aqueles que avaliam a capacidade funcional hepática de captar, conjugar e excretar a bilirrubina e de sintetizar a albumina e os fatores da coagulação dependente da vitamina K. O critério diagnóstico habitual para a definição de hepatopatia crônica é tem- poral, caracterizado pela persistência de anormalidades funcionais hepáticas por intervalo de tempo superior a seis meses. A avaliação hematológica, incluindo a contagem de plaquetas, é de fundamental importância na investigação das cirroses, principalmente quando complicadas por hipertensão portal e hiperesplenismo. (6-8) Outros exames que se fazemnecessários dizem respeito à investigação etiológica, como a pesquisa de marcadores virais para as hepatites B (HBsAg, anti-HBc, HBeAg e anti-HBe) e C (anti-HCV). (1-4) Na avaliação laboratorial da infecção pelo HCV existem dois tipos de testes para o diagnóstico e monitoramento da infecção pelo HCV: os testes sorológicos de detec- ção de anticorpos anti-HCV e os testes virológicos que detectam, quantificam e caracterizam os componentes virais, como o RT-PCR (reação em cadeia da polimerase) para o HCV-RNA qualitativo e quantitativo e os genótipos do HCV. (1-4) Os testes sorológicos de anticorpos es- pecíficos contra o HCV (anti-HCV) podem ser detectados cerca de 7 a 8 semanas após a infecção pelo HCV pelos testes atuais de 2 a e 3 a geração, persistem por toda a vida nos pacientes cronicamente infectados e podem se tornar indetectáveis quando de imunodepressão profunda ou durante hemodiálise. (1-4) A detecção do HCV-RNA por RT-PCR no sangue periférico é o marcador mais confiável de replicação viral. Na infecção aguda o HCV-RNA torna-se detectável uma a duas semanas após a infecção, porém nas formas crônicas os níveis são está- veis, embora possam flutuar por dias ou semanas. Os títulos de HCV-RNA não se correlacionam com a gravidade das lesões hepáticas, embora títulos baixos ou indetec- táveis possam ser encontrados nas formas de doença hepática crônica avançada. (1-4)
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