Publicação científica trimestral do CREMERJ

67 Cirrose hepática – abordagem diagnóstica e terapêutica Carlos Eduardo Brandão Mello Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.59-69, jan-mar 2022 (propranolol, nadolol), que reduzam em 25% a frequência cardíaca ou que mantenham- -na em 55-60 bpm, ou ainda o emprego de carvedilol. O carvedilol parece ser mais eficiente do que os betabloqueadores não seletivos, mas estudos head-to-head pre- cisam ser realizados. (6-15) O emprego de betabloqueadores não sele- tivos deve ser feito com cautela e até comdo- ses reduzidas em pacientes com hipotensão (< 90 mmHg), hiponatremia (< 130 mEq/L) e insuficiência renal na presença de ascite refratária. Outra conduta preventiva pode ser a realização de ligadura profilática de varizes esofágicas, principalmente naqueles pacientes com reserva funcional hepática pior ou varizes com sinais preditivos de sangramento, com a presença de sinais vermelhos ( red signs ) e telangiectasias. O emprego e a injeção do cianoacrilato parece ser mais efetivo que os betabloqueadores na prevenção primária do sangramento digesti- vo de pacientes comvarizes gastroesofágicas tipo 2 ou varizes gástricas isoladas tipo 1 (Baveno VI, Franchis R, 2015). (6-15) Na avaliação da gravidade e prognós- tico da hemorragia digestiva alta leva-se muito em consideração o grau de reserva funcional hepática. A classificação mais frequentemente empregada ainda é a de Child-Pugh-Turcotte, na qual cada variável (ascite, encefalopatia, tempo de protrombi- na, bilirrubina e albumina) é graduada em escores de 1 a 3 pontos, sendo que a soma final permite diferenciar os pacientes em graus de gravidade de A a C. O grau de classificação de Child apre- senta boa correlação com a sobrevida do pa- ciente, de maneira que paciente com Child A apresenta 44%de chance de sobrevida ao final de cinco anos, ao passo que o Child C apenas 21%. Outra classificação muito empregada nos serviços de transplante é o escore MELD, idealizada com o objetivo de otimizar a fila de pacientes listados para transplante hepático. Nessa classificação acrescentou-se às variáveis determinação do tempo de protrombina (INR) e bilirru- bina, a dosagem da creatinina. (6-15) Mais recentemente, acrescentou-se ao escore MELD a determinação do sódio (Na) sérico, importante preditor de falência renal associada à cirrose hepática na síndrome hepatorrenal. Figura 2 Varizes esofagianas: Visão endoscópica

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