Publicação científica trimestral do CREMERJ

22 Novas fronteiras no diagnóstico e no tratamento da hipertensão arterial Wille Oigman Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.9-24, jan-mar 2022 Hyvet (Treatment of Hypertension in Patients 80 Years of Age or Older) – Es- tudo de tratamento ativo (1.933 pacientes) e grupo placebo (1.912 pacientes) que fo- ram pareados (idade média, 83,6 anos; PA 173,0/90,8 mmHg) para o diurético inda- pamida 1,5mg/dia ou placebo. Os IECA ou perindoprila (2 ou 4mg) ou placebo foram adicionados quando necessário.  Seguimento médio de 1,8 ano, e ao final do segundo ano de tratamento observou-se uma redução 15.0/6.1 mmHg no grupo ativo. Análise final revelou uma redução de 30% na taxa de AVC fatal e não fatal, redução de 39% na taxa de morte por AVC, de 21% por qualquer causa de morte, de 23% na taxa de morte de qualquer causa CV e de 64% na taxa de insuficiência cardíaca. (15) ONTARGET – Este estudo de longa duração (mais de 6 anos), respondeu a um dos mais importantes questionamentos so- bre combinação de drogas no tratamento da hipertensão arterial, qual seja, a associação entre um IECA com um BRA. A hipótese de que a associação de 2 drogas que ini- bem o sistema renina aldosterona pudesse trazer mais benefícios cardiovasculares e menor mortalidade não se comprovou. Além disso, uma maior redução da pressão arterial com ambos os fármacos determinou mais episódios de hipotensão e de piora da função renal. (16) ADESÃO AO TRATAMENTO As diversas doenças crônicas apresen- tam em comum o problema da adesão ao tratamento. Ou seja, cumprimento diário de pelo menos 80% da medicação prescrita. Esse problema não é novo, muito tem se escrito, mas na verdade parece ser um pro- blema multicausal. A princípio o custo do tratamento foi considerado fator primordial. Porém, mesmo com o fornecimento gratuito da medicação a adesão foi pouco atenuada. Vários aspectos devem ser mencionados relacionados à HA: caráter assintomático por muitos anos, prescrições complexas (muitas medicações em diferentes horá- rios), dificuldades no relacionamento mé- dico-paciente, consultas muito espaçadas e rápidas demais. (17) O Quadro 6 apresenta, de forma simpli- ficada, como atingir o mais breve possível uma redução e,se possível, o controle efetivo da PA. Várias estratégias já foram testadas e funcionam quando implementadas. Por exemplo, nos Estados Unidos foi implemen- tado um “Programa no Local de Trabalho” focado emmotoristas de ônibus público, que funcionou extremamente bem. A partir do momento que o protocolo foi abandonado, naturalmente reduziu-se a taxa de aderência. Recentemente, algumas propostas vêm sendo implementadas com telemedicina e o uso de telefones celulares. Contudo, os primeiros resultados não apontam para um aumento expressivo da adesão. Mas um aperfeiçoamento nessas metodologias, com certeza, deverá ter um impacto benéfico em aumentar a adesão. Por fim, o impacto da discussão so- bre a espiritualidade/religiosidade com os

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