Publicação científica trimestral do CREMERJ

10 Novas fronteiras no diagnóstico e no tratamento da hipertensão arterial Wille Oigman Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.9-24, jan-mar 2022 na velhice com intensas repercussões car- diovasculares encerrando definitivamente o conceito de que “a HA aumenta com a idade e é um fenômeno fisiológico”, e, portanto, deve ser tratada. (2) A explicação dessa anormalidade se deve à progressiva perda das fibras elásticas das grandes artérias com a reposição inadequa- da de fibras de colágeno. Isso determina um endurecimento arterial ( arterial stiffness ) com consequente aumento do retorno da onda de pulso em direção ao coração e elevação do índice de aumento ( aumenta- tion index ), que é uma anormalidade que compromete a circulação coronária. Há uma terceira forma de hiperten- são que é a HA exclusivamente diastólica (HAD). Sob o ponto de vista epidemiológico, é pouco frequente e sem uma conclusão definitiva de trazer grandes riscos cardio- vasculares. A HAD não deve ser confun- dida com o aumento da PAD que ocorre em pacientes com graus importantes de insuficiência cardíaca congestiva quando a PAS cai em razão da diminuição da con- tratilidade miocárdica e a PAD aumenta em decorrência de um fenômeno compensató- rio (aumento da atividade simpática e/ou sistema renina-angiotensina) que aumenta a constrição das arteríolas para manter o fluxo arterial aos órgãos mais importantes, como cérebro e coronária. A HA humana dita essencial ou pri- mária corresponde a 90% ou mais dos casos acompanhados na maioria dos ser- viços médicos. Ou seja, apesar de todo o para HA secundária, complicações re- lacionadas à HA, metas do tratamento e orientação terapêutica. HIPERTENSÃO ARTERIAL: CONCEITOS FISIOPATOLÓGICOS A pressão arterial é dependente funda- mentalmente do produto do débito cardíaco (DC) e da resistência vascular periférica (RVP). O DC depende da volemia e prin- cipalmente do estado de contratilidade do miocárdio. Por outro lado, a RVP, de acordo com a equação de Poiseuille (fórmula abaixo), é diretamente proporcional ao volume sistó- lico (VS), ao comprimento do vaso (L) e à viscosidade sanguínea (µ) e inversamente proporcional à quarta potência do raio das arteríolas. (1) Na fase adulta, o comprimen- to dos vasos não se altera, a viscosidade sanguínea raramente aumenta (exceto na síndrome de Gaisbock). Dessa maneira, a variação da RVP é exclusiva dependente do grau de constrição das arteríolas. RVP = Vs x µ x L R 4 Na verdade, este conceito explica a hi- pertensão sistólica/diastólica que repre- senta o tipo mais frequente até os 55-60 anos de idade. Acima dessa idade começa a se observar um aumento progressivo da PA sistólica (PAS) sem o correspondente aumento na PA diastólica (PAD). Dessa forma, a hipertensão sistólica isolada (HSI) passa a ser a forma de HA mais prevalente

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