Publicação científica trimestral do CREMERJ

73 Infecções do trato urinário na mulher Francisco J. B. Sampaio et al. Med. Ciên. e Arte , Rio de Janeiro, v.1, n.1, p.70-76, jan-mar 2022 ƒ Cirurgia geniturinária que predispõe à obstrução ƒ Ausência de resposta ao tratamento inicial ƒ Rins policísticos, doença renal crônica ƒ Bexiga neurogênica ƒ Cultura commicrorganismos incomuns A avaliação ultrassonográfica do trato urinário superior (exame não invasivo, rápido e sem uso de radiação) deve ser rea- lizada em pacientes com sintomas típicos de pielonefrite (ITU febril) para descartar obstrução do trato urinário, dilatação pie- lo-ureteral ou cálculo renal, sendo também útil na identificação de abscessos e pione- frose calculosa. Investigações adicionais, com tomografia computadorizada (TC) sem ou commeio de contraste, deve ser conside- rada se o paciente permanecer febril após 72 horas de tratamento ou imediatamente, se houver deterioração do estado clínico. Na TC é possível visualizar uma ou mais regiões focais do parênquima com realce pelo contraste reduzido e borramento de gordura perirrenal. Pionefrose é destaca- da pelo aumento da densidade do líquido acumulado no sistema coletor. (3) TRATAMENTO Como vimos, o tratamento da cistite em mulheres pode ser indicado sem a ne- cessidade de exames complementares. Em destaque, a urinocultura deve ser realizada caso haja suspeita de pielonefrite aguda, sintomas refratários dentro de alguns dias após o tratamento; sintomas atípicos; e em gestantes. A urocultura de controle é quase desnecessária em mulheres jovens e saudáveis, uma vez que os resultados são quase em sua totalidade negativos. O tratamento recomendado é com uso de antibióticos em dose única ou por curto período. De acordo com a Associação Eu- ropeia de Urologia (EAU) temos: Tratamento da cistite não complicada Fosfomicina trometamol 3g, dose única Nitrofurantoína 100mg, 12/12h por 5 dias Importante destacar que as quinolonas não são recomendadas neste contexto, de acordo com as novas orientações. Durante a gravidez, os tratamentos de curta duração também podem ser considerados, mas nem todos os antimicrobianos são adequados durante a gestação. (4) Em geral, penicilinas, amoxacilina+clavulanato de potássio, cefa- losporinas e fosfomicina são considerados durante todo o período. A nitrofurantoína não deve ser usada nos casos de deficiên- cia de glicose-6-fosfato desidrogenase e no último trimestre, pelo risco de icterícia neonatal. O trimetoprimnão pode ser usado no primeiro trimestre de gestação. Nas pielonefrites, a urinálise e urino- cultura estarão indicadas para todos os casos. É vital diferenciar o mais rápido possível entre pielonefrite não complicada da obstrutiva (complicada), pois a últi- ma pode levar rapidamente à sepse. Este

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