PARECER CREMERJ N. 148/2003

INTERESSADO: Sr. P. W. R.
RELATORES: Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ
                         Cons. Antônio Carlos Velloso da Silveira Tuche
                         Dr. Alfredo Marques Villardi
                         Dr. José Kawazoe Lazzoli
                         Dr. José Antonio Caldas Teixeira
                         Dr. Marco Aurélio Brazão de Oliveira
                         Dr. Robson Luís de Bem
                         Dr. Salvador Manoel Serra
                         Dr. Serafim Ferreira Borges. 

QUESTÕES RELATIVAS À GINÁSTICA PASSIVA - ELETROESTIMULAÇÃO

EMENTA: Dispõe sobre a eletroestimulação, mecanismo utilizado na chamada ginástica passiva, bem como acerca dos benefícios e malefícios da utilização de aparelhos domésticos de ginástica.

CONSULTA: Consulta enviada pelo Sr. P. W. R., o qual solicita a opinião do CREMERJ a respeito da ginástica passiva, encaminhando as seguintes questões:

"1. Esses aparelhos de ginástica passiva dão resultado?

2. Há possibilidade dos estímulos prejudicarem a saúde de quem os utiliza?

3. Qual a posição do Conselho quanto às clínicas de estética, que realizam a terapia de eletroestimulação para a perda de peso?

4. Que males e que benefícios isso pode trazer?"

PARECER: A eletroestimulação é uma forma de terapia capaz de produzir contrações musculares com objetivos funcionais. É o mecanismo utilizado na chamada ginástica passiva.

Várias pesquisas foram realizadas desde 1960 e estavam focadas na tentativa de paraplégicos ficarem de pé ou conseguirem andar. Há 20 anos as pesquisas espaciais tinham o objetivo de diminuir, utilizando a eletroestimulação, a perda de massa muscular dos astronautas nas missões espaciais.

Esses aparelhos foram adaptados e passaram a fazer parte do arsenal terapêutico de médicos na reabilitação de pacientes com problemas neurológicos, locomotores, ortopédicos e para complementar o tratamento e treinamento de atletas. Já nas clínicas de estética são utilizados para combater a flacidez.

Os equipamentos utilizados nas clínicas médicas e de estética são diferentes dos comercializados na televisão para uso caseiro. Os aparelhos domésticos são muito simplificados, com estímulos de menor potência, que não são capazes de produzir o mesmo trabalho muscular gerado pela ginástica ou pelos aparelhos das clínicas.

Um estudo científico recente, realizado na Universidade de Wisconsin - La Crosse, pelo Departamento de Ciências do Exército e do Esporte, testou eletroestimuladores portáteis vendidos através da televisão. Comparou os efeitos da eletroestimulação muscular na composição corporal, força muscular e aparência física. Comprovou-se que não houve qualquer modificação nos parâmetros analisados.

Respondendo as dúvidas do Consulente:

1. Esses aparelhos de ginástica passiva dão resultado?
Os aparelhos caseiros não. Os utilizados nas clínicas de reabilitação, quando operados por profissionais habilitados, podem apresentar resultados satisfatórios, dependendo dos objetivos e se associados a outros métodos.

2. Há possibilidade dos estímulos prejudicarem a saúde de quem os utiliza?
Sim. São contra-indicadas em lesões musculares, tendinites e fratura próxima ao local a ser estimulado.

3. Qual a posição do Conselho quanto às clínicas de estética, que realizam a terapia de eletroestimulação para a perda de peso?
Não há evidências científicas que comprovem o uso da eletroestimulação para o emagrecimento.

4. Que males e que benefícios isso pode trazer?
Males: lesões musculares, queimaduras e mialgias.
Benefícios: na recuperação de cirurgias, nas atrofias musculares, nas lesões articulares, nas lesões neurológicas e em auxiliar a locomoção.

É o parecer; s. m. j.

(Aprovado em Sessão Plenária de 03/09/2003)