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PROCESSO PARECER CONSULTA Nº 16/2021

PARECER CREMERJ Nº 12/2021

 

INTERESSADA: M.A.C.A. (Protocolo nº 10334189)

ASSUNTO: Espirometria. Recomendações para sua realização.

RELATOR: CONSELHEIRO BENJAMIN BAPTISTA DE ALMEIDA

                                                                      

EMENTA: Dispõe sobre a realização de espirometria durante a pandemia de COVID-19. Recomendações para prevenção de infecção pelo SARs-Cov2 na realização de exames de função pulmonar.                      

 

DA CONSULTA:

A consulente solicita parecer ao CREMERJ sobre a realização de espirometria e medidas de profilaxia e higienização a serem tomadas. Justifica a consulta pela alta procura para a realização desses exames.

 

DO PARECER:

Inicialmente, cabe assinalar que o assunto está normatizado pela SBPT (Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia) que segue as orientações da Sociedade Respiratória Europeia (ERS) e da Sociedade Americana de Tórax (ATS). A Sociedade Espanhola de Pneumologia (SPS) também estabelece normas sobre o assunto.

Baseando-nos nas normativas das entidades citadas e consultada a Câmara Técnica de Pneumologia do CREMERJ, discorremos sobre o assunto.

A consulente poderá realizar exames de função pulmonar (espirometria, teste de capacidade de difusão ao monóxido de carbono e medida de volume residual pelo método da diluição do hélio), estritamente necessários para pré-operatório e outras situações que visem o diagnóstico clínico e funcional.

Como a transmissão do coronavírus ocorre, principalmente, por contato, durante os procedimentos da avaliação de função pulmonar, a transmissão também pode ocorrer por secreções respiratórias em aerossol (durante a tosse e espirros). Como a segurança dos pacientes e funcionários é de suma importância, recomenda-se precauções de segurança adicionais durante o teste. A equipe que realiza os exames deverá estar ciente de que isso levará a tempos de teste mais longos e à necessidade de mais itens de consumo, resultando na reorganização da prática diária.

Os testes de função pulmonar, frequentemente, geram aerossóis na forma de gotículas devido à tosse e, geralmente, exigem dos pacientes a geração de altas taxas de ventilação e de fluxo. Portanto, tais testes representam um risco considerável para a propagação da infecção a indivíduos e superfícies adjacentes dentro e ao redor das áreas de sua realização, mesmo em pacientes assintomáticos.

Como o SARs-CoV2 está circulando na comunidade, isso representa um risco potencial para todos os profissionais e pacientes que participam dos serviços de avaliação de função pulmonar. A prevalência do vírus difere de estado para estado e a prevalência local do vírus determinará o nível de precaução de segurança que deve ser aplicada. A prevalência restringirá a gama de testes permitidos e, também, limitará a disponibilidade dos testes àqueles que mais o exigem.

 

RECOMENDAÇÃO PRINCIPAL

 Não realizar prova de função pulmonar em indivíduos suspeitos ou confirmados para COVID-19, bem como em indivíduos com sintomatologia respiratória de início recente, salvo quando extremamente necessário e com PCR negativo.

 

RECOMENDAÇÕES APLICADAS AOS EXAMES DE FUNÇÃO PULMONAR

Ações dirigidas aos pacientes no local de realização dos exames

·                    Disponibilizar material informativo nas salas de espera sobre higiene das mãos e etiqueta respiratória.

·                    Pacientes com sintomas respiratórios devem usar máscara cirúrgica desde a porta de entrada da unidade e durante todo o tempo que permanecer nas instalações.

·                    É necessário um espaço entre os indivíduos de, no mínimo, um metro e meio.

·                    Disponibilizar dispensadores com álcool gel 70% na entrada da unidade e em cada sala em que se realizará o exame de função pulmonar.

·                    Cada sala deve dispor de papel toalha para uso dos pacientes.

·                    Cada sala deve dispor de reservatórios para resíduos com abertura da tampa com pedal para eliminação dos descartáveis.

·                    A sala deve ter um sistema de circulação de ar, evitando a recirculação do ar com o resto do edifício.

·                    Nos casos em que se faz necessária a realização das provas de função pulmonar em pacientes com sintomatologia respiratória, as mesmas devem ser realizadas em salas com pressão negativa, se disponíveis.

·                    As mesas onde se realizam os exames funcionais devem estar livres de todo o material.  Telefone e objetos de escritório devem estar em ambientes diferentes dos locais onde se realizará os exames de função pulmonar, quando possível. Se não for possível, deve-se manter o usuário durante o exame a uma distância mínima de um metro dos objetos e com uma trajetória de ar expirado contrária aos objetos.

·                    Após a saída do usuário deve-se proceder a limpeza de todas as superfícies com papel toalha com antisséptico (álcool 60-70% ou peróxido de hidrogênio a 0,5%).

 

Realização das provas de função pulmonar

Realizar apenas os exames imprescindíveis, evitando a exposição desnecessária dos técnicos de função pulmonar.

  

Espirometria forçada

1 - Usar, obrigatoriamente, filtros antimicrobianos descartáveis.

2 - Uso de clipe nasal, preferencialmente, descartável.

3 - Remover a máscara cirúrgica que foi colocada com antecedência, puxando-a de trás para frente e sem tocar na frente.

4 - O técnico deverá, preferencialmente, se posicionar atrás do usuário (podendo estar ao lado se considerar apropriado), garantindo que o ar exalado do paciente durante a manobra não esteja direcionado para outra superfície além do solo ou parede.

5 - Como é um procedimento que pode gerar dispersão de aerossóis, especialmente relacionados à tosse, o técnico que realiza o exame deve usar equipamentos de proteção inalatórios de alto risco para transmissão viral: máscara PFF2, luvas, óculos ou tela à prova d'água de rosto inteiro (face-shields), vestimentas resistentes com mangas compridas.

6 - Em casos em que não se utilize filtros antimicrobianos, como segunda opção, deve-se utilizar transdutores descartáveis. Se não houver disponibilidade, a não realização do exame deve ser avaliada, uma vez que, sem isso, uma desinfecção da tela e do pneumotacógrafo teria que ser realizada após cada paciente.

 

Gasometria arterial

·                    Por ser uma técnica de baixo risco para transmissão viral, serão utilizados óculos de proteção, protetor facial completo antirrespingos (face-shields), máscara cirúrgica, avental e luvas descartáveis.

·                    Deve-se analisar o teste na sala de exames de gases para evitar transferência de qualquer recipiente para fora da unidade. Se isso não for possível, deve-se aplicar o procedimento de cada centro. 

 

Finalizações das provas de função pulmonar

·                    O profissional removerá as luvas depositando-as em um recipiente com tampa e pedal, lavando as mãos em seguida com água e sabão ou limpando-as com solução de álcool gel.

·                    O restante do EPI utilizado é removido posteriormente, ainda dentro da sala onde o procedimento foi realizado, e nesta ordem: avental, proteção para os olhos e máscara (sempre de trás para frente e sem tocar na frente do lado de fora).

·                    Os resíduos de pacientes com sintomas respiratórios serão considerados resíduos biológicos de classe III, devendo ser depositados no recipiente correspondente localizado dentro da sala.

 

LIMPEZA DOS COMPONENTES E DAS SUPERFÍCIES DURANTE A JORNADA DE TRABALHO

 Limpeza após cada exame

·                    Limpeza com antisséptico próprio para uso no pneumotacômetro, cabine, clipes nasais e de todas as superfícies que estiveram em contato com o paciente ou na direção do ar expirado.

·                    Limpeza das superfícies tocadas pelo profissional de saúde durante o teste e os locais em que o paciente teve contato.

·                    Não deixar nenhuma superfície molhada.

·                    Ênfase deve ser dada também para teclado, mouse, tela ou qualquer outra superfície ou material exposto na bancada de realização do exame.

 

Limpeza de componentes e superfícies da unidade de função pulmonar

·                    Desinfecção do pneumotacógrafo no final do dia com produto antimicrobiano de acordo com os protocolos de cada centro.

·                    Priorizar o transporte de componentes contaminados para o local de processamento da desinfecção, preferencialmente em um recipiente fechado.

·                    Para o processamento desse material, serão utilizados equipamentos de proteção individual semelhantes ao do teste.

 

Limpeza das salas ao acabar a jornada de trabalho

·                    A limpeza e desinfecção de superfícies, como paredes e piso, serão feitas de acordo com o procedimento normal de cada centro, levando em consideração que o vírus da COVID-19 é inativo em minutos quando em contato com uma solução de hipoclorito de sódio a 0,1%, etanol a 62-71% ou peróxido de hidrogênio a 0,5%.

·                    Fazer a limpeza das áreas mais limpas às mais sujas, indicando à equipe de limpeza quais áreas devem ser limpas primeiro.

 

ASPECTOS DE INTERESSE ESPECIAL

Em áreas com evidência de transmissão comunitária, desaconselha-se completamente a realização de técnicas e procedimentos que possam gerar aerossóis, como administração de broncodilatadores, testes de broncoprovocação com metacolina, manitol e escarro induzido, que são considerados situações de alto risco para transmissão viral. Se realizado, o profissional de saúde deve usar os seguintes EPI: máscara PFF3 preferencialmente, tendo como segunda opção a máscara PFF2, óculos à prova d'água ou face-shields, vestimentas com mangas compridas resistente a líquidos, ou vestimentas de mangas compridas com avental de plástico descartável.

 

 

RECOMENDAÇÕES DURANTE O PROCEDIMENTO

·                    O técnico permanecerá separado do paciente por, pelo menos, dois metros de distância.

·                    A porta permanecerá fechada o tempo todo e será limitada a presença de pessoas no recinto.

·                    Manter ventilação natural (porta fechada, janela aberta).

 

Material necessário

·                    Dispositivo pressurizado (MDI) do medicamento correspondente, de acordo com cada centro ou regulamento de espirometria.

·                    Câmara espaçadora com válvula dupla, destacável para desinfecção adequada mais tarde.

·                    Máscara oro-nasal (recomendada para minimizar a dispersão de aerossóis).

 

ORIENTAÇÃO PARA SITUAÇÕES ESPECIAIS

Caso o usuário precise de tratamento broncodilatador para reverter a situação clínica, a terapia com o dispositivo inalatório será considerada a primeira opção (MDI pressurizado com câmara espaçadora e máscara oro-nasal), conforme descrito anteriormente.

Se a decisão do clínico, após a avaliação, for administrar nebulização (primeira opção de nebulizador de malha antes do nebulizador de jato, pois a dispersão do aerossol é superior), deve-se levar em consideração que se trata de uma situação de alto risco de transmissão viral e, portanto, usar o EPI indicado na seção sobre técnicas e procedimentos que podem gerar aerossóis.

Deve-se usar máscara cirúrgica sobre a máscara de nebulização, levando-se em conta que o dispositivo de nebulização deve ser descartável e eliminado como material biológico classe III.

ASPECTOS FINAIS

·                    É especialmente importante que o pessoal de saúde troque seus uniformes diariamente e, durante o dia, se estiver em contato com secreções.

·                    É essencial lavar as mãos antes e depois de colocar a máscara.

·                    O uso de luvas não isenta o profissional de lavar as mãos.

·                    As luvas sempre devem ser trocadas entre os atendimentos e ao executar outras tarefas que não sejam os exames funcionais.

 

A correta aplicação dessas recomendações diminuirá o risco de contágio entre todos os profissionais.

 

Este é o parecer, S.M.J.

 

Rio de Janeiro, 01 de junho de 2021.

 

BENJAMIN BAPTISTA DE ALMEIDA

Conselheiro Relator

 

Parecer aprovado na 329ª Sessão Plenária do Corpo de Conselheiros do CREMERJ, realizada em 01 de junho de 2021.

 

 

REFERÊNCIAS:

1 - SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Orientações da SBPT sobre a reabertura de laboratórios de função pulmonar em tempos de COVID-19, publicada no site da SBPT. 28 de maio de 2020. Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/reabertura-funcao-pulmonar-covid19-sbpt/ Acesso em 20 abr. 2021.

2 – SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA. Recomendações da Sociedade Torácica Americana (ATS) sobre a reabertura dos laboratórios de função pulmonar (Webinar). Disponível em: https://mgcdiagnostics.com/events/events-calendar/update-restarting-your-lab Acesso em 20 abr. 2021.

3 – EUROPEAN RESPIRATORY SOCIETY. Recomendação da European Respiratory Society sobre a realização de Testes de Função Pulmonar (traduzido para o português).  05 DE maio de 2020. Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/wp-content/uploads/2020/06/28_05_2020-Recomenda%C3%A7%C3%A3o-ERS-fun%C3%A7%C3%A3o-pulmonar-e-COVID19.pdf Acesso em 20 abr. 2021.

4 – SOCIEDADE ESPANHOLA DE PNEUMOLOGIA. Recomendações da Sociedade Espanhola de Pneumologia (SPS) para a prevenção da infecção por coronavírus nas unidades de função pulmonar, publicada no site da SBPT (traduzido para o português). 2020. Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/wp-content/uploads/2020/06/28_05_20-Recomenda%C3%A7%C3%A3o-Sociedade-Espanhola-de-Pneumologia.pdf Acesso em 20 abr. 2021.

5 – CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. Parecer da Câmara Técnica de Pneumologia, 03 de setembro de 2020.


Não existem anexos para esta legislação.

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