BIOÉTICA E MEDICINA

29 Experiência animal * Rita Leal Paixão Professora do Departamento de Fisiologia e Farmacologia da UFF, Mestra em Medicina Veterinária, Doutoranda em Ciências pela ENSP/FIOCRUZ. “Precisamos conhecer ainda mais sobre os animais para trabalharmos com eles em nossos trabalhos de pesquisa” Quando Potter propôs o neologismo “bioética” nos anos 70, ele pretendia que essa nova ciência mudasse as relações entre o homem e a natureza. De fato, os anos 70 foram marcados por movimentos que reivindicavam mudanças, tais como o movimento feminista, o interesse pelos direitos civis, a questão do racismo, a atenção para a crise ambiental e a questão da exploração da natureza. É nesse cenário que a questão animal foi possivelmente favorecida e se expandiu no horizonte moral. Trata- se de um período marcado por diversas publicações filosóficas, em sua maioria afirmando a ilegitimidade moral da utilização de animais em experimentos, por pressões exercidas por grupos conhecidos como “movimentos de libertação animal” e preocupações dos cientistas em assegurar o futuro de suas atividades no campo de experimentação animal. Desde então o debate continuou, e não se pretende neste momento explorar argumentos contra ou a favor da experimentação animal, mas queremos chamar a atenção para uma significativa mudança na forma com que a ciência que utiliza os animais deve lidar com esse animal, e ainda, precisamos reconhecer dois aspectos relevantes: 1- o benefício da mudança e 2- que somos responsáveis por torná-la cada vez mais efetiva e visível tambémemnosso país. Que “mudança” é essa de fato? O reflexo dessa mudança ocorreu em 1988, quando o Comitê Internacional dos Editores de Revistas Médicas decidiu que os autores que desejassem submeter para publicação experimentos envolvendo a utilização de animais deveriam informar em que se basearam (legislação, diretrizes, aprovação pelo comitê de ética institucional etc) no que se refere aos cuidados para com os animais de laboratórios. Tal fato expõe uma realidade em que se pretende alcançar procedimentos éticos e médicos mais adequados, encerrando a era da utilização descontrolada de animais. Pois, se por um lado, as pressões sociais forçam

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