BIOÉTICA E MEDICINA
52 como um dos elementos de dignificação da pessoa, de seu reconhecimento integral. Esta liberdade não significaria apenas participar das decisões de tratamento, mas ter condições de enfrentar com coragem e pacificamente a morte iminente. Em países desenvolvidos, este direito é plenamente reconhecido. Entretanto, nestes países, cerca de 80% dos pacientes morrem em hospitais e todos, ou quase todos, são incapazes de exercê-lo por falta de condições físicas, como por exemplo, sedação excessiva. No Reino Unido, a quantidade de hospices (hospitais para cuidados paliativos oncológicos) é tal que os pacientes são, na prática, desestimulados a voltarem para casa como forma de preservar a ocupação hospitalar e conseqüentemente as verbas para o funcionamento. E este é omodelo que está sendo difundido nomundo para cuidados paliativos. O estudo brilhante de Häring acerca da autonomia, como no livro “Livres e Fiéis emCristo”, reforça a idéia já defendida de que a relação entremédico e paciente é de parceria, numpacto de fidelidade e de respeitomútuo. “O relacionamento entre os membros da profissão médica e seus pacientes é uma realidade da aliança: ela supera o relacionamento proveniente de um contrato ou de um acordo comercial”. Esta visão da autonomia não é de um ato solitário mas de uma “autonomia vivida numa parceria solidária informada por um amor fraterno” (LeonardMartin). *Artigo publicado no Jornal do CREMERJ , ano XIV, n. 128, p. 12, maio 2001.
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