PRÊMIO DE RESIDÊNCIA MÉDICA

184 185 Prêmio de Residência Médica Prêmio de Residência Médica MATERIAL E MÉTODOS Estudo piloto prospectivo com 38 pacientes submetidos a reconstrução com transplante microcirúrgico no Instituto Nacional de Câncer entre 01 de março de 2010 e 28 de fevereiro de 2011. Os pacientes tiveram a mensuração da glicemia capilar periférica por punção em polpa de quirodáctilos, e glicemia do retalho aferida por meio de haemoglucoteste em intervalos de seis horas durante as primeiras 48 horas de pós-operatório, em unidade fechada, sendo o fim do procedimento cirúrgico considerado 0h. A comparação é realizada pela relação glicemia do retalho/glicemia periférica, que nomeamos de coeficiente glicêmico. O local da anastomose microvascular foi marcado a fim de se evitar a punção do retalho próximo ao pedículo. Fig.4: Pré-operatório de carcinoma Fig.5: Transoperatório após ressecção de osso frontal e dura-máter. basocelular de região frontal. Fig.6 e Fig.7: Marcação e dissecção de retalho livre anterolateral da coxa com pedículo no ramo ascendente da artéria circunflexa femoral lateral. Fig.8: Pós-operatório imediato após reconstrução microcirúrgica. RESULTADO Foram realizados 38 retalhos microcirúrgicos para reconstrução de cabeça e pescoço, sendo observadas complicações vasculares em 8 pacientes (21,4%) – sendo 5 casos de trombose venosa (13,15%), e 3 casos de trombose arterial (7,89%) . 30 pacientes (78,96%) evoluíram sem complicações. Os pacientes que não tiveram complicações (Gráfico1) apresentaram coeficiente glicêmico maior que 0,8 em 99,2 % das aferições, com valor preditivo positivo de 100%, e valor preditivo negativo de 87,5%. 1 paciente (3,3%) apresentou todas as mensurações com coeficiente maior que 1,0, demonstrando a excelente evolução do retalho, que se manteve sempre com glicemia maior que a periférica. Quanto aos 5 pacientes diagnosticados com trombose venosa (Gráfico 2), todos apresentavam relação glicêmica dentro do esperado até o momento da intercorrência – quando as aferições registraram coeficiente entre 0,31 e 0,65. Trombose arterial (Gráfico 3) foi observada em 3 pacientes, que apresentaram coeficiente de 0,07; 0,18 e 0,19; notadamente mais baixo que em trombose venosa. Gráfico 1 Gráfico 2 Gráfico 3 DISCUSSÃO Segundo Smit e colaboradores (SMIT J.M. et al., 2010), a Espectroscopia é considerada o método padrão-ouro para avaliação de retalhos microcirúrgicos por ser não invasivo, por permitir monitorização contínua, e apresentar VPP e VPN de 100%. Como desvantagem temos o alto custo do equipamento e a pouca disponibilidade. O sistema de Doppler Venoso implantável, que apresenta VPP=100% e VPN=81-93%, é invasivo, porém avalia continuamente, além de ser de técnica e interpretação fáceis. A Ultrassonografia Duplex Colorida apresenta VPP e VPN de 100%, mas necessita de técnica apurada e é de difícil conclusão, dependente do examinador. A Microdiálise é um exame caro, invasivo e de difìcil avaliação, com VPP=100% e VPN=90%. O método de monitorização da glicemia apresenta sensibilidade de 99,2% utilizando como ponto de corte para retalhos viáveis o coeficiente glicêmico acima de 0.8, com VPP=100% e VPN de 87,5%, o custo é baixo e a disponibilidade, ampla. VPP=Valor Preditivo Positivo VPN=Valor Preditivo Negativo. Tabela 1: Glicemia: VPP= 87,5% , VPN=100% , não invasivo, direto, fácil interpretação e técnica, baixo custo. CONCLUSÃO A monitorização de retalho livre pela relação glicemia do retalho/glicemia capilar periférica pode oferecer uma alternativa de avaliação tecnicamente simples, rápida e disponível em todas as unidades de pós-operatório. Não depende da experiência do examinador, podendo ser executada pela equipe de enfermagem, além de custo extremamente

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