PRÊMIO DE RESIDÊNCIA MÉDICA

162 163 Prêmio de Residência Médica Prêmio de Residência Médica Oeste (11/100.000) ocupa a quarta posição. Nas regiões Nordeste (5/100.000) e Norte (4/100.000) ocupam a quinta posição. Para as mulheres, é o segundo mais frequente nas regiões Sul (22/100.000) e Sudeste (21/100.000); o terceiro nas regiões Centro- Oeste (11/100.000) e Nordeste (6/100.000), e o quinto na região Norte (4/100.000) 3 . A prevenção primária é a identificação dos fatores responsáveis pelo desenvolvimento do câncer e a modificação destes fatores para redução do risco. A prevenção secundária envolve rastreamento da neoplasia ou de lesões precursoras em indivíduos assintomáticos. A identificação dessas lesões e sua remoção diminuem a incidência e a mortalidade do câncer colorretal4. Os pacientes podem ser divididos quanto ao risco 5,6 de apresentaram câncer colorretal em baixo risco, aqueles com menos de 50 anos e sem história familiar de câncer colorretal; risco médio, todos aqueles com 50 anos ou mais e sem outro fator de risco; risco aumentado, pacientes com historia pessoal de pólipos ou câncer colorretal ou história familiar de câncer colorretal ou pólipos em parentes de primeiro grau; e alto risco, que inclui os pacientes com síndromes polipóides, com critérios para HNPCC7 ou que possuam doença inflamatória intestinal. Apesar do conhecimento dos fatores de risco relacionados a essa neoplasia e das recomendações bem estabelecidas no sentido da prevenção e do diagnóstico precoce, grande parte dos pacientes, em nosso país, é diagnosticado com doença avançada, apresentando obstrução ou perfuração,e necessitando de procedimento de emergência como medida inicial de tratamento, o que contribui para piora do prognóstico. O objetivo do presente trabalho é demonstrar o panorama atual do câncer colorretal em um hospital geral no estado do Rio de Janeiro, enfocando aspectos relacionados à apresentação clínica e ao diagnóstico tardio. MATERIAL E MÉTODO Trata-se de um estudo retrospectivo que incluiu os pacientes em acompanhamento no ambulatório de seguimento de câncer colorretal da II Clínica Cirúrgica do Hospital Federal de Bonsucesso nos últimos 5 anos (2004-2009). Foi feita revisão dos prontuários e dos laudos histopatológicos. As informações coletadas foram gênero, idade, fatores de risco, sintomas na época do diagnóstico, localização do tumor primário, cirurgia realizada e se esta foi eletiva ou de emergência, estadiamento do tumor, tipo histológico, grau de diferenciação do tumor pela classificação de Broders, presença e local de metástases na época do diagnóstico. Realizamos uma análise descritiva das variáveis selecionadas com planilhas elaboradas com o auxilio do Microsoft Excel ® 2007. RESULTADOS Do total de 158 pacientes, 85 eram homens (54%) e 73 mulheres (46%). A média de idade foi de 60,32 anos, sendo 61,65 anos para os homens e 58,77 anos para as mulheres. Doze pacientes apresentavam idade igual ou inferior a 40 anos (7,5%). Dezoito pacientes apresentavam história familiar de câncer colorretal (11,3%), sendoque2pacientes preenchiam critérios de Bethesda 7 para Síndrome de Lynch (1,2%) e um paciente era portador de Polipose Adenomatosa Familiar (0,6%). Os sintomas mais comuns foram dor abdominal (60,1%), obstrução intestinal (41,1%), emagrecimento (36,7%), sangramento (33.5%), anemia (14,5%), perfuração (6,3%) e fístula (1,2%). Em relação aos pacientes com tumores de cólon direito, os sintomas mais prevalentes foram emagrecimento (54,5%), dor (45,4%), obstrução (45,4%) e anemia (27,2%). Nos pacientes com tumores de cólon esquerdo e sigmóide foram dor (60,5%), obstrução (42,9%), emagrecimento (38,5%), sangramento (32,4%) e anemia (16,6%). Enquanto nos pacientes com tumores de reto foram sangramento (70%), obstrução (60%), dor (60%), emagrecimento (20%) e perfuração (10%). (Tabela 1). Noventa e nove (63%) pacientes foram operados eletivamente enquanto 59 (37 %) dos pacientes foram operados de emergência. A localização mais comum do cancer foi o sigmóide, com 70,2% dos casos, seguido de cólon ascendente (9,4%), reto (8,2%), cólon descendente (6,3%) e cólon transverso (5,6%). Cento e cinquenta casos se tratavam de adenocarcinoma (94,9%), 3 casos de de tumor carcinóide (1,8%), enquanto PEComa, fibrossarcoma, ceratocarcinoma e tumor metastático foram responsáveis por 1 caso cada (0,6%). Quanto ao grau de diferenciação dos adenocarcinomas, 2,7%erambemdiferenciados (G1), 90,2% moderadamente diferenciados (G2) e 8,3% pouco diferenciados (G3). No momento da cirurgia, 53 pacientes apresentavam metástases à distância (33,5%), sendo o fígado o órgão mais acometido, em 36 pacientes (67,9%), seguido pelo peritônio com 11 casos (20,7%) e pelos anexos (ovários) com 4 casos (7,5%). Oitenta e oito pacientes (55,6%) apresentavam metástase linfonodal. Quanto ao estadiamento, observamos que os pacientes operados na emergência apresentavam a seguinte distribuição: 0% Estádio I, 28,2% Estádio II, 30,4% Estádio III e 41,3 % Estádio IV. Os pacientes operados eletivamente foram estratificados como Estádio I 2,7%, Estádio II 27,7 %, Estádio III 25% e Estádio IV 44%. (Tabela 2). DISCUSSÃO Apesar de conhecermos melhor este tipo de câncer, e ao longo das últimas décadas ampliarmos as chances de cura e sobrevida com o rastreamento, cirurgia, quimioterapia e radioterapia,esta realidade não se aplica de maneira uniforme em nosso País, principalmente no que diz respeito a medicina pública. Apesar do esforço das variadas sociedades médicas que lidam com esta questão em divulgar e esclarecer sobre a doença, esta oportunidade ainda é dada a minoria dos brasileiros. A maioria dos pacientes encontravam-se em estádios avançados, sendo mais de 70% dos pacientes pertencentes aos estádios III e IV, o que corrobora com a ausência medidas de rastreamento nessa população. Essa realidade de um serviço de cirurgia de um hospital geral pode ser extrapolada a âmbito estadual e nacional, uma vez que o atendimento no nosso serviço é por meio de demanda espontânea. A importância do rastreamento do câncer colorretal reside no fato de que lesões em estágios iniciais são pouco sintomáticas e podem ser tratadas de forma curativa, evitando-se procedimentos mais extensos, propiciando maiores taxas de cura4. Além disso, podemos detectar lesões pré-malignas, impedindo, assim, a sequência adenoma-carcinoma. Gatta e colaboradores8 evidenciaramque pacientes comestádio Dukes A eram assintomáticos em mais de 90% dos casos, enquanto que no estádio Dukes D, em até 80% das vezes, os pacientes não apresentam nenhum sintoma relacionado ao câncer colorretal. A maioria dos pacientes não tem acesso com facilidade à ambulatórios de gastroenterologia ou proctologia e a realização de colonoscopia, e muitas vezes tem seu diagnóstico retardado por essas dificuldades. O baixo nível sócio- econômico dos pacientes dificulta a procura por avaliação médica com o surgimento dos primeiros sintomas e a aceitação da realização de exames na ausência dos mesmos. Mesmo o rastreamento dos familiares de primeiro grau de pacientes portadores de Síndrome de Lynch ou Síndrome de Polipose Familiar é difícil de ser realizado pela dificuldade de adesão dos familiares. 9 Outros cânceres em que foi implementado um método nacional de rastreio apresentaram diminuição de sua mortalidade, como o câncer de mama, colo de útero e próstata.10-12. Os resultados de ensaios clínicos randomizados que comparam a mortalidade entre mulheres rastreadas e não rastreadas com mamografia, comométodo de detecção precoce, evidenciaram redução da mortalidade por câncer de mama no grupo rastreado. As conclusões das meta- análises demonstram que os benefícios do uso da mamografia alcançam cerca de 30% de diminuição da mortalidade em mulheres acima dos 50 anos.13 Estudos nos estados de São Paulo e no Paraná demonstraram uma

RkJQdWJsaXNoZXIy ODA0MDU2