DENGUE DIAGNÓSTICO E MANEJO CLÍNICO ADULTO E CRIANÇA

Dengue: diagnóstico e manejo clínico – adulto e criança Secretaria de Vigilância em Saúde / MS 57 11.4 Uso de Imunoglobulina e corticóide Com o progressivo aumento do número de casos de dengue com plaqueto- penia e principalmente de FHD, alguns médicos e hematologistas sugeriram o uso de imunoglobulina em plaquetopenias importantes (<50.000 /mm 3 ), na tentativa de elevação dos níveis séricos da mesma. Uma conduta baseada na experiência com púrpura trombocitopênica idiopática (PTI). O primeiro relato da literatura indexada da utilização de imunoglobulina foi descrito em 1989 (Ascher DP), onde o autor relata o caso de um paciente com plaquetopenia de 31.000/mm 3 no sexto dia de doença, quando foi adminis- trada gamaglobulina parenteral e observada uma elevação acima de 100.000/ mm 3 . O autor considerou uma boa resposta atribuída à imunoglobulina, suge- rindo sua utilização como terapia. Outra série de casos envolvendo 5 pacientes, em Recife, foi publicada em 2003 no Lancet (Ostronoff M), onde os autores relataram que obtiveram uma rápida elevação dos níveis de plaquetas dentro de 3 a 5 dias. O estudo não ti- nha grupo controle e os dados observados na cinética das plaquetas tinham o mesmo comportamento daqueles descritos na literatura nos pacientes sem uso desta terapia (Mitrakul et al., 1977), que mostrou resultados semelhantes. As evidências mostram que após atingir os valores mais baixos, as plaquetas rapidamente se elevam independente de qualquer terapia, atingindo valores su- periores a 100.000/mm 3 em 2 a 3 dias. Mais recentemente, surgiram dois estudos com grupo controle, publicados em 2007, no mesmo periódico, em edições diferentes. O primeiro deles, pu- blicado por Castro RA et al., sugere que em crianças o uso de imunoglobulina anti-D mostrou uma tendência em aumentar o número de plaquetas, quando comparado com o placebo. Paradoxalmente, não mostrou nenhuma diferença entre adultos. No mesmo ano, Dinamo EM (2007) comparou a recuperação de plaquetas em um estudo de caso controle com uso de imunoglobulina e não observou ne- nhuma diferença na resposta com esta substância na recuperação dos níveis de plaquetas, que ocorreu com a mesma velocidade no placebo. Portanto, os estu- dos não mostram benefício da imunoglobulina em pacientes com FHD. Um dos mecanismos atribuídos à imunoglobulina é a ocupação da fração Fc das pla- quetas, bloqueando o reconhecimento das células infectadas por células efetoras, impedindo a lise plaquetária. Também acelera o catabolismo e eliminação de auto-anticorpos IgG. Uma das possibilidades é que, a exemplo do corticóide, o momento da utilização de imunoglobulina seja tardio. No momento da inter-

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