DIRETRIZES GERAIS PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA DO TRABALHO

46 DIRETRIZES GERAIS PARA O EXERCÍCIO DA MEDICINA DO TRABALHO Daí a mudança ética ter que ser organizacional, passando pela revisão dos valores culturais e morais. O foco deve ser a pessoa e que no campo da medicina do trabalho é o trabalhador com sua dignidade e suas oportunidades de crescimento. O trabalhador seja qual for o seu nível, integra e interage em sua comunidade de trabalho, como membro de um grupo que cada vez mais se capacita da necessidade de valorizar sua saúde e segurança no trabalho. A consciência ética sobre seu estilo de vida resulta dessa sinergia, pois ninguém sub- siste sozinho, sem o espírito gregário, sem a presença do outro, o que torna todas as iniciativas uma abstração social, manipulável e até de exclusão. É a ética da solidariedade que dá sustentação a uma agremiação ou associação em torno de um objetivo que o torna indestrutível. Não há organização empresarial autêntica sem fundamentação ética. Entretanto, é preciso salientar, que todo o trabalho de mudança pessoal para aceita- ção dos objetivos da medicina do trabalho, precisa estar apoiado por uma adequada estrutura cultural desenvolvida por métodos de educação para a saúde, sem o que as recaídas serão destrutivas. Trabalhar a cultura das organizações é fundamental para que as pessoas possam mudar seu comportamento autenticamente. O treinamento convencional, ministra- do em muitas empresas, sem que haja uma transformação cultural em direção dos valores humanos, entre os quais prepondera a saúde, é jogar dinheiro fora, com a agravante de reforçar o sentimento de frustração e o negativismo. Cria a convicção de que “é muito bonito, mas não funciona”. Ética pressupõe que os médicos sejam competentes. A função da medicina do trabalho é a prestação de serviços. Existe a demanda, pois existem clientes que têm necessidades a serem satisfeitas. Para isso ela se propõe a executar serviços e a qualidade em servir é a sua responsabilidade básica. Outra condição mais particularizada dentro deste campo, é que muitas das atividades de medicina do trabalho terão que ser exercidas e dirigidas em base de muita confiança. A administração superior e a chefia imediata, em conseqüência da divisão do traba- lho e da necessidade de ajustamento do dirigente com os dirigidos, tem, invariavel- mente, que se ater ao respeito pelo desempenho das funções individuais e setoriais específicas, bem como aos direitos e deveres gerais. O corolário dessa afirmativa é, em suma, de que qualquer dirigente responsável pela instituição, tem o papel de administrar a empresa como um todo, na acepção mais elevada de chefia.

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