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Setembro Amarelo: campanha faz alerta para a saúde mental

04/09/2024

Criada em 2014, a campanha nacional Setembro Amarelo, promovida pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), tem como objetivo conscientizar e prevenir o suicídio. A campanha ocorre ao longo de todo o mês de setembro, com o dia 10 marcado como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Com o lema "Se precisar, peça ajuda", a iniciativa chega ao seu décimo ano, enfrentando, ainda, a estigmatização que permeia o tema em grande parte da sociedade.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, mas esse número pode ultrapassar 1 milhão, considerando os casos subnotificados. No Brasil, a situação é igualmente preocupante, com cerca de 14 mil suicídios por ano, o que significa que, em média, 38 pessoas cometem suicídio por dia.

Para o psiquiatra e coordenador da Câmara Técnica de Psiquiatria do CREMERJ, Marcos Alexandre Gebara Muraro, esses números devem servir como um alerta importante para a sociedade e para os profissionais de saúde.

“A taxa de suicídio tem aumentado desde o século XIX, com o início da Revolução Industrial. Embora tenha havido uma redução nas décadas de 50 e 60, quando os antidepressivos foram introduzidos, a taxa voltou a crescer e, atualmente, é a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Esse aumento é alarmante e indica uma emergência médica, pois tentativas de suicídio exigem intervenção imediata. Mais de 90% dos suicídios estão ligados a transtornos psiquiátricos, como depressão, transtorno bipolar e transtorno de personalidade borderline, além de fatores adicionais como automutilação e abuso de substâncias, que também são relevantes”, destaca o especialista.

Os dados mais recentes da Secretaria de Vigilância em Saúde, divulgados pelo Ministério da Saúde em setembro de 2022, mostram um aumento de 49,3% nas taxas de mortalidade por suicídio entre adolescentes de 15 a 19 anos entre 2016 e 2021. Além disso, os comportamentos de autolesão, que são cada vez mais observados entre adolescentes com ideações suicidas, têm se tornado um sinal de alerta crítico. De acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados em 2018, entre 517 jovens de 10 a 14 anos, 9,48% relataram praticar autolesão.

“É importante destacar que a automutilação é bastante frequente, atingindo cerca de 60% dos pacientes com transtorno de personalidade borderline. Se você perceber que um jovem está se mutilando ou exibindo comportamentos autolesivos, é um sinal de alerta sério. Esses comportamentos podem indicar um risco futuro de tentativa ou até mesmo consumação do suicídio”, ressalta Marcos Alexandre.

Diante desses números alarmantes, a campanha Setembro Amarelo se torna ainda mais crucial. Ela não só busca reduzir os estigmas associados à saúde mental e ao suicídio, mas também incentiva a população a reconhecer sinais de alerta e a buscar ajuda. Promover um diálogo aberto e necessário sobre o tema é fundamental, pois o suicídio é uma questão de saúde pública e sua prevenção deve ser uma prioridade.

“A campanha Setembro Amarelo não só é essencial para conscientizar sobre a prevenção do suicídio, como também para ajudar a desmistificar preconceitos, proporcionando informações corretas e acessíveis que podem encorajar aqueles que sofrem a buscar apoio e tratamento”, finalizou Gebara.