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Plenária debate estratégias de ação contra a tuberculose 

26/01/2018

O aumento da incidência de tuberculose no município e no estado do Rio de Janeiro motivou uma plenária temática sobre a doença no CRM, nessa quinta-feira, 25. O conselheiro do CREMERJ e professor do Instituto de Doenças do Tórax da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IDT-UFRJ), Alexandre Cardoso fez uma apresentação, ao lado de Paulo Costa e Mônica Rick, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro, sobre a situação da doença hoje e recomendações de ações para realizar o cuidado e a prevenção. 

A pesquisa apresentada foi construída pelo Grupo de Trabalho de Tuberculose, formado por membros da Câmara Técnica de Pneumologia e Cirurgia Torácica e da Câmara Técnica de Doenças Infecciosas e Parasitárias e de Controle de Infecção Hospitalar. A ideia era fazer um levantamento atualizado e desenhar uma metodologia de ação que pudesse funcionar como recomendação ao combate da doença, propondo soluções efetivas. Além dos especialistas que apresentaram a pesquisa, destacam-se em sua construção a diretora do IDT-UFRJ, Fernanda Queiroz, e a pesquisadora da Fiocruz, Margareth Dalcolmo.

A tuberculose ainda é uma das dez maiores causas de morte em todo o mundo, e por isso a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou, em 2016, a campanha Unidos para Acabar com a Tuberculose. No mundo, a doença teve uma diminuição de 3% na mortalidade e de 2% na incidência (a meta da OMS era de 5% e 10%, respectivamente). No Brasil, a incidência tem aumentado, com uma média de 70 mil novos casos todo ano. O país está na 20ª posição na classificação de carga da doença e na 19ª posição em termos de coinfecção tuberculose/HIV.

No Estado do Rio de Janeiro, os números são ainda mais alarmantes. Dados atualizados apontam uma incidência de 92/100 mil no Estado, com cerca de 14.700 casos e de 99/100 mil no município, com cerca de 6300 casos. Quando observamos os dados das regiões de favela da cidade, a situação é ainda pior: a incidência fica entre 147 e 337/100 mil.

"A taxa de mortalidade por tuberculose no Rio de Janeiro é a mais alta do país, seguida por Recife. Os mais afetados são os homens negros. Os dados refletem a expressiva concentração demográfica da cidade e ilustram um quadro de exclusão social. A tuberculose é a doença da miséria", explica Alexandre Cardoso.

A deliberação CIB-RJ 2200, de 9 de maior de 2013, aprovou ações estratégicas e repasse de recursos financeiros para os municípios visando ao enfrentamento da tuberculose. Nesse sentido, estava prevista pela deliberação um papel central da Estratégia de Saúde da Família (ESF) no combate à doença, mas o que se tem visto pelas ações governamentais é um esvaziamento de investimento nessa área, inclusive com não pagamento de salário aos médicos.

"É uma situação absurda que vemos em relação à gravidade e à profusão da tuberculose no Rio de Janeiro. Temos que nos movimentar para divulgar e agir contra isso. A diminuição de investimento na Estratégia de Saúde da Família terá impacto direto nisso", comenta  o coordenador da Comissão de Saúde Pública do CREMERJ, Pablo Vazquez.

A pesquisa destaca que há um número insuficiente de tisiologistas no Estado, de modo que algumas cidades contam com apenas um profissional especializado. A cobertura laboratorial também é insuficiente. Os pesquisadores evidenciam a importância do diagnóstico e tratamento precoce, além de ações que garantam a adesão ao tratamento.

Entre as ações sugeridas pelos pesquisadores para melhorar o cuidado e a prevenção está a capacitação de profissionais, com treinamento específico e continuado, um redimensionamento no número de tisiologistas, garantia de adequada infraestrutura ambulatorial e hospitalar e a possibilidade de utilização de recursos de financiamento do Programa Nacional de Combate à Tuberculose (PNCT). Além disso, são sugeridas ações para diminuir o estigma da doença, inclusive com trabalhos multidisciplinares envolvendo profissionais de assistência social e psicologia.

São incentivadas, ainda, as parcerias com a academia, possibilitando a implementação de inovações ligadas a novas pesquisas no combate à doença, como os escores de suspeição da tuberculose, os pareceres à distância com base informatizada, a estruturação de indução de escarro e o uso de mensagens eletrônicas para lembretes ao paciente sobre exames, consultas e medicação.

O presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, encerrou a plenária destacando a importância de manter esse grupo de trabalho ativo, com um acompanhamento especial para o enfrentamento da doença.