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Médicos do Hospital da Mulher lutam para manter atendimento

08/12/2016



A diretoria do CREMERJ recebeu nessa terça-feira, 6, médicos do Hospital da Mulher Heloneida Studart, de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, que denunciaram a grave situação que enfrentam na unidade. Eles entregaram aos diretores do Conselho um abaixo-assinado feito por 46 colegas pedindo ajuda para que possam manter os serviços de excelência que conseguiram conquistar.

A crise na saúde atingiu gravemente a unidade, que fazia até 500 partos por mês e agora tem realizado não mais do que 300. Eram feitos mais de 5 mil ultrassonografias e exames radiológicos, mas hoje esses procedimentos não chegam a 2 mil. A direção afirma que não possui recursos para pagar fornecedores e terceirizados.

"Nestes últimos meses estamos assistindo e sofrendo com o sucateamento da unidade devido à crise que se abateu no sistema de saúde do Estado do Rio de Janeiro. Mantivemo-nos durante todo esse período junto com a população por nós assistida e fizemos todos os esforços possíveis para otimizar e diminuir os custos dentro da unidade", descrevem no documento, que foi protocolado no Conselho.

Em fiscalização à unidade no dia 28 de novembro, o CREMERJ havia constatado diversos problemas, dentre eles a falta de insumos, como álcool gel, escova para assepsia, luvas estéreis, campos cirúrgicos, equipo de soro, sabão líquido, dreno de tórax, sonda enteral, Iençóis,  entre outros. Exames de raio-X estão sendo feitos com muita dificuldade, porque a reveladora não está funcionando há semanas e é preciso enviá-los para outras unidades – mas só há uma ambulância disponível para se dividir entre as remoções e o transporte de exames.

O Hospital da Mulher teve de reduzir a oferta de serviços em quase 50%, afetando, principalmente, as consultas ginecológicas. Tempos atrás, eram diagnosticadas cerca de 10 neoplasias mamárias mensais, o que hoje não pode mais ser feito em razão de a unidade estar sem mamógrafo.

Por ser referência para toda a Baixada Fluminense, a taxa de ocupação da UTI é muito alta. No dia da visita, havia 24 pacientes na UTI neonatal para apenas 20 leitos.

O ambulatório de Neoplasia Trofoblástica Benigna, única referência estadual para a patologia, está sem quimioterápicos para os pacientes. Desde 2012, cerca de 900 mulheres foram atendidas e, mensalmente, oito mulheres fazem quimioterapia na unidade. O serviço só não fechou ainda porque uma médica do setor comprou a medicação com recursos próprios, para não deixar as pacientes sem o tratamento.

"Estamos convivendo diariamente com as graves patologias dos nossos pacientes e estamos ficando expostos a situações que põem em risco a qualidade do atendimento e a nossa responsabilidade médica e ética diante desta situação. Queremos voltar a ter a excelência que sempre tivemos", salientam os  médicos no abaixo assinado.

O vice-presidente do CREMERJ Nelson Nahon e o diretor Gil Simões, que participaram da reunião, foram solidários com os médicos e frisaram que a difícil situação do Hospital da Mulher Heloneida Studart se repete em outras unidades.

"Sabemos da relação dos médicos com o hospital e com a população que frequenta a unidade. Entendemos a angústia dos colegas e reafirmamos que estamos fazendo todo o possível para buscar a garantia do repasse dos recursos para a saúde. Estamos atuando com o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública e denunciado a situação exaustivamente na imprensa. Enviaremos imediatamente o relato desses problemas para o MP", disse Nahon.


Na foto, o desabastecimento de vários medicamentos importantes para os pacientes da unidade