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Crise na saúde avança em todo o Estado

07/12/2016


Nas últimas semanas, o CREMERJ recebeu novas denúncias de problemas em unidades de saúde de todo o Estado. Na capital, uma das situações mais críticas ocorre no Instituto Estadual de Hematologia Arthur Siqueira Cavalcanti (Hemorio), que precisou restringir o atendimento a novos pacientes por falta de medicamentos. Pacientes já internados, com leucemia e outras graves doenças do sangue também estão sendo afetados. Hospitais no interior, que já sofriam com a grande demanda, agora enfrentam ainda mais redução no número de médicos, desativação de leitos e serviços e falta de insumos.

"Já vivemos essa situação no fim no ano passado e estamos vendo ela se repetir agora. Temos denunciado o que vem ocorrendo e estamos muito preocupados. A saúde precisa ser tratada como prioridade, o que exige que os governos encontrem meios de amenizar a crise sem colocar na população essa conta”, enfatiza o vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.
 
Hemorio (Rio de Janeiro)
Em carta, o corpo clínico denuncia a falta de itens básicos, irregularidade no fornecimento de quimioterápicos, analgésicos, antibióticos, luvas estéreis, gazes, seringas, soro, entre outros insumos. Segundo relatos, há meses o equipamento citômetro, que faz o diagnóstico de leucemias agudas, está quebrado. Outros equipamentos como ultrassom, endoscópio, broncoscópio e respiradores também estão com defeito.

A direção da unidade tem se esforçado para conseguir medicamentos e insumos, pedindo empréstimos a outras unidades. A Secretaria Estadual de Saúde não tem repassado quase nada em medicamentos e insumos para a unidade, que tem estoques esgotados, impossibilitando o atendimento a novos pacientes e a assistência aos pacientes internados, muitos com quadro de leucemia aguda.

Hospital da Mulher Heloneida Studart (São João de Meriti)
Em visita ao Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, no dia 28 de novembro, a equipe de fiscalização do CREMERJ constatou que a unidade, considerada como serviço de excelência para toda a Baixada Fluminense, precisou reduzir a oferta de serviços em quase 50%, afetando, principalmente, consultas ginecológicas. O número de consultas caiu de 5 mil para 3 mil por mês.

O hospital, que diagnosticava, mensalmente, cerca de dez neoplasias mamárias, hoje está sem o mamógrafo. O ambulatório de neoplasia troboblástica benigna, única referência estadual para a doença, está sem remédios quimioterápicos e só não foi fechado porque uma das médicas comprou os medicamentos com recursos próprios.

Também não estão sendo realizados exames de raio-X por falta de reveladoras. Os exames estão sendo levados por ambulância para serem revelados em outras unidades, o que é um problema, já que o hospital conta com apenas uma ambulância. O hospital tem grave déficit de medicamentos, dos mais comuns a quimioterápicos, e insumos em geral.

Hospital Geral de Nova Iguaçu
O Hospital Geral de Nova Iguaçu (HGNI), conhecido como Hospital da Posse, comunicou ao CREMERJ que há risco iminente de seu fechamento nos próximos dias. A unidade, principal referência de atendimento na Baixada Fluminense, onde vivem cerca de 3 milhões de pessoas, possui problemas no abastecimento de insumos e medicamentos. A demanda de atendimento é 15 mil pacientes por mês; em 2013, era de 4 mil.

Depois de muitos esforços da direção do hospital, foi necessário restringir os atendimentos priorizando casos mais urgentes, além de readequar os serviços à nova realidade para garantir o mínimo de qualidade assistencial. O HGNI manterá apenas o atendimento para pacientes internados, pós-operatórios e os casos graves da emergência. As cirurgias eletivas estão canceladas desde o início de novembro e o atendimento ambulatorial também foi suspenso.

Os pagamentos do governo do Estado à Secretaria Municipal de Saúde de Nova Iguaçu estão com atraso há quase um ano. Por mês, deveria ser repassado R$ 1,5 milhão. A dívida atualizada supera R$ 29 milhões. Desde 2013, o valor mensal depositado pelo Ministério da Saúde é de R$ 6,3 milhões, mas a média de atendimentos subiu 275% de 2013 para 2015.
 
UPA Botafogo (Rio de Janeiro)
Médicos da Unidade Pronto Atendimento (UPA) Botafogo denunciaram ao CREMERJ que a Organização Social (OS) Hospital Maternidade Terezinha de Jesus – responsável pela gestão da unidade – anunciou a demissão de parte da equipe médica da unidade para reduzir custos. Com a diminuição da equipe, a UPA passará a ter apenas um pediatra e dois clínicos por plantão, número muito aquém da demanda da unidade. Segundo os médicos, essa conduta é prejudicial à população, já que a UPA realiza atendimentos de urgência e emergência. A equipe de plantão ficará responsável pelos atendimentos de emergência, além das salas amarelas e vermelha, e possíveis transferências de pacientes de ambulância. Caso o único pediatra no plantão precise acompanhar uma transferência, por exemplo, a unidade ficará sem atendimento pediátrico.

Hospital Estadual Azevedo Lima (Niterói)
A falta de recursos financeiros fez com que muitos prestadores de serviço suspendessem o fornecimento de serviços como alimentação de pacientes, higienização hospitalar, análises clínicas, tomografias e reabastecimento de materiais e insumos. 

Hospital Geral da Japuíba (Angra dos Reis)
A unidade enfrenta grave déficit de medicamentos e recursos humanos, falta de materiais básicos e equipamentos para realização de cirurgias. Também não há ambulância disponível para a unidade. Pacientes no pós-operatório permanecem internados, pois necessitam fazer exames em outros municípios, mas não há ambulância para fazer o transporte.

Unidade Básica de Saúde Dr. Moacyr de Carvalho (Nova Iguaçu)
Os funcionários da empresa de limpeza estão em greve por falta de pagamentos. A equipe de enfermagem aderiu à greve de servidores públicos de Nova Iguaçu e paralisou as atividades. O laboratório está fechado por falta de pagamento e de insumos básicos. A unidade tem déficit de medicamentos e materiais e se tornou um ambiente insalubre para o exercício adequado da medicina. 
 
Hospital e Maternidade Maria de Nazaré (Barra do Piraí)
O hospital tem constante falta de medicamentos e materiais, problemas na estrutura física e número de médicos aquém do preconizado. Em razão da carência de atendimento pré-natal de qualidade no município, há um aumento de partos de alto risco, mas a unidade não tem como atender essa demanda. O serviço de neonatologia também não comporta atendimento de recém-nascidos de risco por falta de equipamentos adequados. Os médicos estão com salários atrasados e enfrentam péssimas condições de trabalho.
 
Hospital Pedro II (Rio de Janeiro)
Em visita de reavaliação ao Hospital Municipal Pedro II e à CER Santa Cruz, que funciona no 1º andar do hospital, foi constatado que muitos setores estão sendo prejudicados pela redução da equipe e do número de leitos. Na ocasião, foi informado que a redução de leitos foi pactuada entre a Organização Social e a Secretaria Municipal de Saúde. No Centro de Tratamento de Queimados a redução foi de seis leitos. Outros quatro foram fechados na pediatria.  No CTI do hospital, quatro leitos foram desativados. Na CER Santa Cruz, também há superlotação: na sala amarela, com capacidade para 21 leitos, havia 58 pacientes internados, muitos acomodados de forma improvisada em macas de transporte, poltronas e espaço muito limitado.

Hospital Municipal José Rabello de Mello (Guapimirim)
Único hospital do município de Guapimirim, enfrenta falta de estrutura, equipamentos, insumos e medicamentos. No bloco cirúrgico, faltam vestimentas adequadas e todo tipo de equipamentos e materiais para realização das cirurgias.
 
Hospital Municipal São Francisco Xavier (Itaguaí)
Em visita de reavaliação das instalações do hospital, o único da região, sendo referência para casos de trauma e cirúrgicos, verificou-se que o número de médicos é insuficiente. Não há, por exemplo, neonatologistas de plantão todos os dias, ficando o atendimento restrito na maternidade. A Unidade de Pacientes Graves não tem médico plantonista exclusivo, mesmo mantendo pacientes graves e entubados. Foi identificada a falta de diversas medicações e insumos e não havia material de higienização em nenhum local visitado. O aparelho de radiografias fixo está quebrado desde fevereiro de 2015 e o hospital não possui tomógrafo, o que desobedece à Resolução CREMERJ 100/96.
 
Hospital Darcy Vargas (Rio Bonito)
Principal hospital de Rio Bonito, a unidade teve de suspender o atendimento aos pacientes oncológicos por falta de repasse financeiro. O pronto-socorro também restringiu o atendimento, só recebendo casos graves.