CREMERJ constata situação precária em Hospital de Itaboraí
17/09/2015
Em fiscalização nessa sexta-feira, 11, no Hospital Municipal Desembargador Leal Junior (HMDLJ), em Itaboraí, o CREMERJ constatou problemas graves, como o déficit de leitos do CTI – que foi reduzido de dez para três –, a falta de recursos humanos e a precariedade de insumos, medicamentos e infraestrutura para realização de exames e cirurgias.
Por conta da redução drástica do número de leitos de CTI, pacientes internados, que já estão regulados na Central de Vagas do Estado, aguardam transferência para outras unidades. O hospital também não tem recebido outros pacientes para internação devido à situação caótica do HMDLJ.
Em relação aos insumos, faltam desde medicações mais básicas a antibióticos de amplo espectro – que atingem grande número de microrganismos nas doses terapêuticas –, além de medicamentos utilizados na ala da maternidade. A falta de recursos tem prejudicado também a realização de exames. O aparelho de raio-X está parado há duas semanas e não estão sendo realizados exames, como de ultrassonografia, de endoscopia e bioquímicos.
Outra preocupação é com o número reduzido de recursos humanos na unidade. Cerca de dez médicos pediram demissão devido às péssimas condições de trabalho e aos atrasos salariais, problemas que também têm afetado os funcionários da limpeza e do laboratório. É grande, principalmente, o déficit de obstetras, pediatras e neo-natologistas. Essa ausência tem gerado transtornos nos plantões de sábado, domingo e segunda-feira. No domingo, inclusive, não há obstetras plantonistas.
Além disso, a falta de materiais é recorrente no hospital. As cirurgias eletivas tiveram que ser suspensas há um mês. Os procedimentos de diálises também foram cancelados por falta de pagamento da empresa responsável. A unidade não tem material para a bomba infusora nem filtro bacteriológico para ventilação mecânica e o estoque de soro está praticamente zerado.
A grave situação do HMDLJ foi discutida, no início deste mês, em reunião com o coordenador da seccional de São Gonçalo – que abrange a cidade de Itaboraí – Amaro Alexandre Neto; o secretário de Saúde do município, Edilson Santos; e o diretor médico do HMDLJ, Acyr Aguiar.
O encontro foi solicitado pelo secretário de Saúde para dar explicações sobre a crise que enfrenta o HMDLJ – único hospital público da cidade, administrado pela Organização Social (OS) Instituto Nacional de Assistência à Saúde e à Educação (Inase).
De acordo com o diretor médico da unidade, os inúmeros problemas chegaram a esse ponto devido à falta de repasses da prefeitura. Segundo ele, as empresas prestadoras de serviços estão parando de exercer suas atividades, enquanto alguns médicos optaram pela demissão. Além disso, os estoques de medicamentos e insumos estão zerados, o que têm dificultado a assistência dos pacientes internados e dos que chegam às emergências. Para Acyr Aguiar, a ausência de recursos “chegou a um nível insustentável”.
Já o secretário de Saúde atribuiu os atrasos nos repasses à crise econômica que a cidade enfrenta, sobretudo por conta da paralisação das obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), que gerou queda na arrecadação municipal.
Para o vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, a fiscalização feita na unidade só confirmou a gravidade da situação. “Esse é um dos casos mais críticos que o CREMERJ já encontrou, mas não se pode pensar que a melhor solução seja fechar o hospital e deixar a população de Itaboraí totalmente desassistida”, frisou.
Segundo Nahon, a diretoria do Conselho se reunirá para discutir quais providências deverão ser tomadas para resolver a situação. “Não descartamos entrar com uma ação civil para pressionar a prefeitura de Itaboraí, o governo do Estado do Rio de Janeiro e o Ministério da Saúde por melhorias urgentes no HMDLJ”, afirmou o vice-presidente do CREMERJ.