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Irregularidades são constatadas em unidade de São Gonçalo

25/08/2015

Superlotação, instalações inapropriadas, número insuficiente de médicos e falta de insumos e de medicamentos foram alguns dos problemas constatados pelo CREMERJ, em fiscalização ocorrida nessa quarta-feira, 19, no Pronto-Socorro Dr. Armando Gomes de Sá Couto, na Praça Zé Garoto, no município de São Gonçalo. 

Na vistoria, membros do corpo clínico relataram as péssimas condições de funcionamento da unidade. Apesar da denominação de pronto-socorro, o hospital é referência para o atendimento de emergência em toda a cidade, inclusive a vítimas de trauma e de arma de fogo. 

No último mês, houve redução do número de médicos plantonistas, embora o volume de atendimentos do hospital tenha tido um aumento expressivo. Com uma média de 12 a 13 mil atendimentos mensais, a unidade contabilizou 16.380 atendimentos no mês de julho. 

Além de desfalques na equipe médica, houve atraso e descontos salariais injustificados. A maioria dos profissionais é contratada pela Fundação Municipal de Saúde, sem vínculo formal de trabalho, férias, 13º salário e FGTS. Alguns médicos alegaram que a prestação de serviços sem contrato com a Fundação é uma prática comum.

Dentre as irregularidades, o CREMERJ identificou a atuação de acadêmicos sem supervisão e falhas no preenchimento dos prontuários de pacientes internados. O hospital também tem outros problemas, como a falta de organização, higiene e de roupas adequadas, que aumentam o risco de infecções hospitalares. 

Quanto aos insumos e equipamentos, a Comissão de Fiscalização do CREMERJ identificou a ausência de diversas medicações, o que inviabiliza o tratamento aos pacientes. Faltam monitores na sala vermelha, bombas infusoras na UTI e materiais de curativo na sala de sutura. 

A unidade sofre ainda com a carência de insumos básicos, como fraldas geriátricas, lençóis e cobertores para os pacientes. O aparelho de tomografia está sem contraste e há muita demora na liberação dos exames laboratoriais, já que o laboratório é único e compartilhado pelas três unidades de saúde da Praça Zé Garoto (Hospital Luiz Palmier, Hospital Infantil Darcy Vargas e o próprio Pronto-Socorro Dr. Armando Gomes de Sá Couto). 

A realização de exames complementares para o diagnóstico e a programação de cirurgias não são feitas no hospital e há demora no encaminhamento para outras unidades. Embora haja convênio do município com unidades privadas para realização dos exames que não são oferecidos pelo hospital, a disponibilidade é muito aquém da necessidade e da demanda do pronto-socorro. 

O vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon, esteve na fiscalização e destacou casos graves. “Um dos pacientes internados, que havia sofrido um infarto, estava há 15 dias aguardando vaga para fazer uma angioplastia. Outro paciente, diabético e já com uma amputação, aguardava uma cirurgia vascular há quatro meses, por conta da dificuldade na realização de exames”, relatou.

Para Nelson Nahon, a situação é crítica e alguma medida deve ser tomada com urgência. “Encontramos uma situação precária, a população sendo atendida com baixa qualidade. Além da falta de recursos humanos e de medicamentos, o hospital carece de organização, principalmente no que diz respeito à regulação das vagas e à capacidade hospitalar”, concluiu.

O CREMERJ abrirá sindicância para apurar a situação da unidade e encaminhará o relatório de fiscalização para a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.