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Médicos debatem a gravidade dos riscos da radiação

18/08/2014

O CREMERJ e o Sinmed-RJ promoveram nessa quinta-feira, 14, um evento que discutiu o tema “Os raios-x e a saúde dos médicos”, no auditório do sindicato. O objetivo do encontro foi debater a gravidade do risco da radiação ionizante para os médicos. O evento contou com a participação de especialistas no assunto que esclareceram as dúvidas dos colegas.
 
O diretor do Sinmed-RJ José Teixeira iniciou a discussão destacando as leis que regulamentam a segurança do trabalhador. Ele citou a portaria 3.214/1978, do Ministério do Trabalho; as Normas Regulamentadoras 15 e 16, que tratam, respectivamente, das atividades e operações insalubres e perigosas; e a portaria 453/1998, do Ministério da Saúde, que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico.
 
Em sua participação, Teixeira apresentou um levantamento feito com médicos dos hospitais Miguel Couto, Salgado Filho e da Lagoa. Foram 51 colegas entrevistados, que realizavam, em média, cinco exames com radiação ionizante por semana, expondo-se por aproximadamente 40 minutos em cada procedimento.
 
No levantamento, os médicos relataram que não usavam o dosímetro, aparelho que monitora o nível de radiação recebida enquanto eles trabalham. Além disso, apenas 23 colegas faziam exames periódicos, conforme é recomendado, e 49 não eram beneficiados pela legislação.
 
Já a coordenadora geral de Instalações Médicas e Indústrias da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Maria Helena Marechal, explicou o papel da CNEN, que estabelece normas na área nuclear, de eletricidade e de combustíveis, e destacou a norma que define as diretrizes básicas de proteção radiológica.
 
“No entanto, a CNEN não tem competência legal para atuar na tecnologia de raio-x. Esse papel deve ser cumprido pela Vigilância Sanitária”, disse Maria Helena, ressaltando que os médicos devem usar o dosímetro quando exercerem procedimentos que utilizam radiação.
 
Para o ex-presidente e atual diretor técnico-científico da Associação Brasileira de Medicina do Trabalho, Paulo Rebelo, todo local de trabalho deve promover saúde e esse ambiente é bastante propício para realizar programas nessa área. Quanto à parte salarial, segundo ele, é importante diferenciar o que é insalubre, perigoso ou penoso.
 
“De acordo com a nossa legislação, insalubridade representa prejuízo à saúde e perigo, risco. É preciso avaliar o risco, que, nesse caso, são as doses de exposição à radiação, porque isso com o passar do tempo pode significar prejuízo à saúde. É importante lutar por um trabalhador saudável, evitando negligências e exposições à radiação desnecessárias”, afirmou.
 
A integrante do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) Claudia Duranti discorreu sobre a remuneração do trabalho ao profissional de saúde que se expõe à radiação. Na sequência, ela frisou que para o trabalhador é mais importante eliminar o risco do que remunerar por insalubridade ou perigo.
 
No encerramento, o diretor do CREMERJ Carlos Enaldo de Araújo considerou o evento como fundamental para a categoria, pois os médicos lidam constantemente com a radiação.
 
“A exemplo dos radiologistas e radioterapeutas, outras especialidades que lidam com radiação, como cirurgia vascular, ortopedia, neurocirurgia, anestesiologia, dentre outras, também devem se proteger. Vimos hoje a importância do dosímetro e de todo o material de segurança. O CREMERJ, o sindicato e todas as entidades médicas devem conscientizar os colegas, levando essa discussão para as unidades de saúde”, declarou Carlos Enaldo.
 
Para o presidente do Sinmed-RJ, Jorge Darze, as palestras foram enriquecedoras e reforçaram a necessidade de os médicos atentarem para o assunto. 
 
“O debate cumpriu o seu objetivo. Foi bastante esclarecedor e as apresentações se completaram, ampliando o nosso conhecimento. Esse tema abriu um ciclo de palestras que certamente faremos em parceria com o CREMERJ”, concluiu.