Emergência pediátrica do HFB enfrenta grave falta de médicos
01/07/2014
A situação da emergência pediátrica do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) continua grave com falta de recursos humanos e com péssimas condições de trabalho. Médicos da unidade e representantes do CREMERJ participaram de uma reunião nessa segunda-feira, 30, para discutir propostas que visem a melhorias do setor.
Na emergência, o déficit de pediatras é tão crítico que, em julho, de acordo com a escala, dois plantões aos domingos poderão não ser cumpridos.
A falta de médicos também afeta a enfermaria de pediatria. Atualmente, não há rotina no setor. São cerca de 18 leitos ativos, quando deveriam ser 35. O restante foi desativado devido à falta de pediatras.
Os ambulatórios de pediatria fazem, em média, 1.200 atendimentos por mês. Já a emergência, que funciona há três anos em um contêiner, atende cerca de 400 pacientes mensalmente. Em função do número reduzido de vagas no CTI pediátrico do HFB – somente quatro leitos –, há cinco crianças entubadas na enfermaria, o que, de acordo com o CREMERJ, é um absurdo.
“Essas crianças deveriam estar em CTIs porque necessitam de atenção especial e de tratamento digno. Infelizmente, temos uma regulação falha e conseguir vagas num CTI está cada vez mais difícil, o que é desumano. O serviço pediátrico do HFB tem tradição e é uma referência em alta complexidade, por isso deve ser preservado, não pode fechar. Medidas precisam ser tomadas”, declarou o vice-presidente do CREMERJ, Nelson Nahon.
Já o diretor do Conselho Gil Simões chamou atenção para a situação dos residentes de pediatria, cujo ensino está prejudicado em função da falta de plantonistas. Há plantões, por exemplo, que são feitos apenas por residentes, sem a presença de médicos do staff e de supervisores.
O chefe da pediatria, Giuseppe Santalucia, o membro da Comissão de Ética Médica do HFB Marcelo Frick e o presidente do corpo clínico da unidade, Flávio Sá, irão elaborar propostas de reformulação do serviço de pediatria, pois, segundo eles, por se tratar de uma referência, o setor não pode correr o risco de ser desativado. A unidade reúne especialidades pediátricas importantes, como neurologia, nefrologia, cardiologia, endocrinologia, gastroenterologia, genética e alergologia. O serviço de pneumopediatria acabou devido à falta de recursos humanos.
A diretora-médica assistencial do HFB, Maria Cristina Garcia, e a pediatra Maris Stella Silva, da Divisão Médica Assistencial da unidade, disseram que a direção do hospital discutirá a situação da emergência pediátrica em reunião no dia 3 de julho.
O CREMERJ enviará uma cópia da proposta dos pediatras para conhecimento do Ministério Público.
Médicos do hospital, membros do corpo clínico e representantes do CREMERJ se reunirão novamente no dia 22 de julho, às 10h, no hospital.
A representante da residência médica Viviane dos Santos também compareceu ao encontro.