CREMERJ em Revista Dezembro/2020

4 CREMERJ em Revista • Novembro/Dezembro | 2020 Saúde pública Em tempos de pandemia, a necessidade de se ter leitos, recursos humanos e insumos nunca foi tão discutida, assim como a importância de se ter profissionais de saúde capacitados para ocuparem mais vagas em unidades de saúde, caso estas fossem inauguradas. De acordo com o estudo Demografia Médica 2020, lançado em 8 de dezembro, o número de médicos para suprir esta demanda, no estado do Rio de Janeiro, não seria um problema. O levantamento mostra que o estado possui 63.873 médicos para atender 17.264.943 habitantes, que representa a razão de 3,70 médicos para cada mil habitantes. Para comparar, a média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 3,5 médicos por mil habitantes. A situação se repete no Brasil. O país tem hoje mais do que o dobro de médicos que tinha no início do século. Em 2000, eram 230.110 médicos. Em 2020, eles somam 502.475 profissionais. Neste período, a relação de médico por mil habitantes também aumentou significativamente, na média nacional. Passou de 1,41 para 2,4. Com a razão de 3,70 médicos por mil habitantes, o Rio de Janeiro está à frente de países como Chile (2,5), Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7) e Reino Unido (2,8), segundo dados do levantamento – resultado de uma colaboração entre o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP). Na cidade do Rio de Janeiro, com 23.033 médicos e 10.546.040 cariocas, a capital tem 2,18 médicos por mil habitantes. Para o CREMERJ, o estudo só reforça o que o Conselho defende no sentido de que não faltammédicos no estado, bem como no país, deixando nítido um grave problema de gestão pública, que não é de hoje. “Existem locais em que o número de médicos está mais concentrado, como é o caso da Região Sudeste. No Rio de Janeiro, naturalmente, boa parte dos médicos está na capital. Não há ações seguras, muito menos atrativas, para fazer com o que o médico saia do seu lugar de origem para atuar em outras áreas. Estamos falando de falta de vínculo empregatício, contratos precários de trabalho, deficiência de condições básicas para exercer a medicina”, destaca o presidente do CREMERJ, Walter Palis. Para ele, a pandemia retomou um debate antigo. “A demografia mostra que não existe falta de médicos, mas, sim, ausência de uma boa gestão, focando numa melhor distribuição destes profissionais no estado e também no país”, complementa o presidente do CREMERJ. A qualidade do futuro da medicina Com 342 escolas médicas e a oferta de 35.622 novas vagas anualmente, o Brasil tem hoje uma média de 10,4 recém-formados em medicina para cada grupo de 100 mil habitantes. Este índice é superior aos índices da França (9,5), Chile (8,82), Estados Unidos (7,76), Canadá (7,7), Coreia do Sul (7,58), Japão (6,94) e Israel (6,9), entre outros países. A tendência é que, em poucos anos, o Brasil aumente a proporção de médico recém-formado, alcançando a média de 16 recém-formados por 100 mil habitantes, hoje Rio de Janeiro tem 3,70 médicos por mil habitantes, afirma o estudo Demografia Médica deste ano Para o CREMERJ, má distribuição de profissio nais no estado e no país é motivada por problemas de gestão, que não são de hoje

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