CREMERJ em Revista - Setembro 2020

14 CREMERJ em Revista • Setembro | 2020 Histórias não contadas Se você pensa que elas são recentes, pode mudar de opinião, pois muitas cabeças, na Antiguidade, foram abertas para expulsar “demônios”, que provocavam dores de cabeça, enxaquecas e por aí vai. Muito sangue foi derramado, e na maioria das vezes, o pobre coitado passava rapidinho para o outro lado. Mas, sem sombra de dúvida, a cirurgia começou a engatinhar na Europa, do século XVI, nas mãos de Ambroise Paré, que era um cirurgião-barbeiro francês. Imagine. Para ser cirurgião precisava ser barbeiro, também. Nesta época, acreditava-se que os ferimentos à bala, por acharem que eram venenosos, eram tratados com óleo fervente. E numa determinada ocasião, o óleo acabou. Então, Paré o substituiu por uma mistura de gema de ovo, óleo de rosas e terebintina. Tipo pó de pirlimpimpim. Percebeu que com esta mistura a ferida cicatrizava mais rapidamente. Já pensou óleo fervente em um lugar que já doía? Era desmaio na certa. A partir daí, Paré escreveu e mudou muita coisa nas cirurgias. As cirurgias que mudaram a medicina Ah! Não esqueça que a assepsia das mãos de quem operava só era feita depois da cirurgia. Antes, não se lavavam e higienizavam as mãos, como é feita hoje. As assepsias viraram rotina cirúrgica em meados de 1890. E aí, o uso de luvas, máscaras, aventais e gorros cirúrgicos cresceu entre os cirurgiões. Agora, vamos dar um pulo para a década de 1960. Foi um marco na história da medicina, quando houve o primeiro implante de coração artificial, feito pelo médico norte-americano, Denton Cooley. Mas, foi acusado de traição, por seu mentor, Michael DeBakey. Dois anos antes a primeira aplicação bem-sucedida de um dispositivo de assistência ventricular foi feita por DeBakey. Brigas a parte, a pendenga durou até a morte dos dois. Mas, dois anos antes, em 1967, Chris - tiaan Neethling Barnard realizou, na cidade do Cabo, na África do Sul, o primeiro trans - plante de coração num ser humano. O coração de Denise Darvall passou a bater no peito de Louis Washkansky. Sucesso! Que só durou 18 dias. O pobre do homem morreu de infecção generalizada. Era preciso haver compatibilidade entre o doador e o trans - plantado. Mas, aí, é outra história. Enquanto isto, muita água rolou nestas operações. É bom lembrar que as cirurgias de ricos eram feitas em casa. Pobre tinha de ir para o hospital, e aí suas chances de sobrevivência eram mínimas. Tipo, entrou, operou, se contaminou, empacotou. Em 99% das vezes. Retrato do Christiaan Barnard por Prieto Coussent

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