CREMERJemRevista-Fev20

4 CREMERJ em Revista • Fevereiro | 2020 O futuro tá aí Pele de tilápia trata queimaduras O Rio de Janeiro passou a integrar a pesquisa nacio- nal que avalia o uso da pele de tilápia no tratamento de queimaduras. O projeto, que teve início em 2014, é desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvi- mento de Medicamentos da Universidade Federal do Ceará (UFC), segue nor- mas do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa e é multicêntrico – ocorre em vários estados do país. Em outubro de 2019, o Hospi- tal Municipal Souza Aguiar conseguiu autorização para se tornar uma das unidades brasileiras a atuar na parte clínica do estudo. Cada nú- cleo é responsável por ava- liar uma área específica. “No Souza Aguiar, usa- mos o método da pele de tilápia apenas em pesso- as que tiveram entre 10% a 30% do tecido corporal queimado, por líquido fer- vente, em queimaduras de segundo grau e que te- nham ocorrido em até 72 horas e em pacientes com idades entre 20 e 60 anos e sem comorbidades, como diabetes e hipertensão. Se- guimos todo o protocolo”, explicou a pesquisadora responsável pelo projeto no Rio, Nathália Dobal, que é cirurgiã plástica no Centro de Tratamento de Queima- dos (CTQ) do Souza Aguiar. A pele de tilápia passa por um processo de prepa- ro e desinfecção que inclui exposição a raios gama (ra- diação). Antes de ser usa- da, ela é hidratada e, após isso, aplicada diretamente sobre as queimaduras, sem a necessidade de pomadas ou outros insumos. Ela é re- sistente, elástica e rica em colágeno – duas vezes mais do que a pele humana. O produto auxilia na cicatri- zação de queimaduras de diferentes níveis. A atadura tampona toda a ferida, ve- dando e aderindo como se fosse uma cola, podendo permanecer no local por vários dias. Com isso, os riscos de infecção e a perda de líquidos dos tecidos são reduzidos. Também dimi- nui a dor do paciente. “Se a pele de tilápia ade- rir, fica em torno de dez dias. Há uma avaliação do paciente a cada 48 horas Souza Aguiar passa a integrar pesquisa nacional